Convenções, como precisamos delas. Nossa vida fica tão mais tranqüila quando regida por certas convenções. O que seria de nós se alguém não tivesse convencionado que, para abrirmos uma torneira, devemos girar o registro no sentido anti-horário? Ninguém pensa nisso na hora que queremos abrir a torneira, mas esta convenção já está tão enraizada que fazemos de modo inconsciente. Do mesmo modo o parafuso: dificilmente alguém aperta mais um parafuso, porque sabe que para retirá-lo é preciso girar a chave de fenda no sentido anti-horário. Que maravilha!
Imaginem se alguns parafusos ou registros viessem com suas roscas com sentidos invertidos: quanta confusão... Torneiras emperradas ou banhos desnecessários, parafusos fixados ad eternum... Ou no caso dos apertos de mãos, imaginem se algumas pessoas resolvem nos cumprimentar com a mão esquerda? Não, não estou me referindo aos escoteiros, mas sim a pessoas no dia-a-dia.
Reza a lenda que as pessoas começaram a se cumprimentar com a mão direita para indicar ao outro que não estavam segurando alguma arma, pois em torno de 90% de nós somos destros. Pronto, criada mais uma convenção. Extremamente útil, por sinal.
Mas há convenções que não vêm para o bem: por exemplo, alguém, num belo dia, disse que cerveja é uma coisa, e chopp é bem outra, e que ambos devem ser consumidos estupidamente gelados. Outra convenção.
É motivo de chacota o hábito de europeus em geral consumirem cerveja a uma temperatura mais elevada a qual nós estamos acostumados. Será que um povo tão mais avançado em termos tecnológicos, industriais e educacionais seria tão burro ao ponto de não perceber os benefícios de uma loira estupidamente gelada, em detrimento à “cerveja quente”.
Dias atrás, hospedamos aqui em caso um alemão, capitão da marinha, aposentado. Ele é um rotariano, líder de um grupo de intercambistas alemães que visitaram a nossa região. Sincero e direto, Jörg Krause não mandava dizer. Também, o que esperar de um alemão, ainda por cima acostumado ao ambiente da caserna?
Dentre as muitas conversas que tivemos, o assunto cerveja também foi abordado, assim como a temperatura ideal para servi-la. Herr Krause usou um ditado em alemão bastante interessante, cuja tradução mais do que livre é algo assim: “quanto pior a bebida, mais gelada deve ser servida”.
Na verdade eu já sabia a resposta: numa temperatura próxima a zero, as papilas gustativas presentes na língua ficam “adormecidas”, impedindo que percebamos características importantes presentes de ALGUMAS cervejas. Por outro lado, uma cerveja estupidamente gelada irá disfarçar sabores desagradáveis. Juro que já senti cheiro e gosto de ovo em uma cerveja nacional de menor circulação.
Resumo da ópera: ao resfriarmos exageradamente uma cerveja de qualidade, nossa língua não terá plenas condições de perceber todas as nuances de sabores da bebida, fazendo com que deixemos de aproveitar a cerveja em sua totalidade.
Bem, toda essa introdução é para contar uma história que vivi no último sábado. Mas o resto fica para uma próxima...
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