terça-feira, 27 de maio de 2008

O mais odiado

Quando o Grêmio voltou à elite do futebol brasileiro, depois do épico embate de 26 de novembro de 2005, no Recife, começaram a aparecer inúmeros vídeos na internet enaltecendo este feito. Em muitos deles aparecia a seguinte frase: "O mais odiado voltou!"


Apesar de gremista, não concordo com este apelido. Um time como o Grêmio, que tem como característica uma história recheada de vitórias difícieis, na base da superação e da raça, mesmo diante de adversário tecnicamente superiores, pode sucitar temor, inveja e até respeito. Mas ódio? Não, não acredito que o Grêmio seja tão odiado assim.

Aliás, para um time ser odiado, talvez até nem seus títulos sejam tão importantes. São necessário inúmeros fatores, mas penso que a visibilidade dada pela mídia é preponderante. Vejam o exemplo dos dois times que disputam o título de "mais odiado" dentre os clubes brasileiro, Corinthians e Flamengo.

Os dois têm as maiores torcidas do Brasil e representam as cidades mais importantes em termos econômicos e de mídia, respectivamente, tendo assim muito mais visibilidade do que os outros times. Dificilmente um noticiário esportivo não vincula alguma notícia desses clubes, por mais insignificante que seja, preterindo outros assuntos muito mais relevantes. Aliado a isso, os dois são acusados de serem beneficiados por decisões equivocadas da arbitragem.

Em termos de títulos, o Corinthians tem aquele torneio de verão de 2000, que trouxe os jogadores do Real Madrid e do Manchester United pra conhecerem nossas praias, e que até hoje ninguém sabe qual foi o critério de escolha das equipes participantes, mas que a Fifa e alguns corintianos ortodoxos insistem em chamar de Mundial. E alguns títulos nacionais. Além das fronteiras do país, somente alguns conhecedores do assunto sabem que time é esse.

Já o Flamengo já tem um pouco mais de fama no exterior, um tanto pela conquista do Mundial de 1981 (acho bom nem comentar aqui o que disse o goleiro do Liverpool, advesário da época) e muito mais pela consagrada associação Brasil-carnaval-futebol-flamengo-mulher pelada-floresta amazônica-turismo sexual que habita a mente da maioria dos turistas que vem para cá.

Em relação aos seus outros títulos importantantes, na grande maioria deles há tristes histórias de adversários inconsoláveis perantes erros grotescos de arbitragem. Na Libertadores de 81 (derrotou o famoso Cobreloa - duvido que 5 habitantes da minha Cerro Largo saibam a cor do uniforme do time chileno), os atleticanos lamentam até hoje. Dos 5 títulos nacionais vencidos pelo Flamengo, os de 1980, 1982 e 1983 são contestados pelos adversários sempre pelo mesmo motivo. Pode-se dizer que houve méritos somente nos dois últimos, onde o time foi notalvelmente superior, principalmente em 1987, ainda mais por ter enfrentado um adversário extremamente frágil. Mas igual, esse título nem valeu nada mesmo, pois o verdadeiro campeão daquele ano é o Sport.

Se existem clubes odiados no Brasil, Flamengo e Corinthians serão sempre os primeiros citados, pois inspiram o ódio de todas as outras torcidas.

Eu, pessoalmente, não gosto de nenhum dos dois. Fiquei extremamente feliz ao ver o Corinthians rebaixado e torço para que o time da Gávea tenha o mesmo destino.


Mas confesso que passei a cultivar uma certa simpatia (bastante enrustida, é verdade) pelo time do Parque São Jorge depois de ter acompanhado alguns jogos delo no ano passado. Foram dois, um contra o Náutico, pela Copa do Brasil, e o outro contra o Vasco, pela penúltima rodada do Brasileirão. Em ambos o time paulista perdeu, e foi muito divertido, assitindo a duas derrotas importantes, uma eliminando-os da Copa do Brasil e a outra encaminhando seu rebaixamento no Brasileiro, em meio a própria torcida corintiana. Mas confesso que tive um pouco de pena ao ver a tristeza daquela torcida tão apaixonada.

Já estava quase que decidido a torcer pelo Corinthians nesta noite, contra o Botafogo, jogo este pela semi-final da Copa do Brasil e que assistirei in loco, quando me lembrei do meu pai.

Seu Téo acompanhou a Copa de 1958 pelo rádio, quando estava no juvenato dos Irmãos Maristas, em Joaçaba. Aprendeu a admirar as estrelas daquele time. Apesar de Gremista, tem uma forte simpatia e admiração pelo Botafogo e pelo Santos por seus jogadores. Puxa vida, não posso desapontar o meu pai, logo o meu pai.

Hoje à noite, em pleno Morumbi, estarei em meio a milhares e milhares de corintianos. Tentarei dissimular ao máximo, mas minha torcida será toda pelo Botafogo. Não tanto por odiar o Corinthians, mas pelo meu pai.

Mas torcerei calado. Não sou bobo...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Sinal vermelho

Em 2004 comprei meu primeiro carro. Usado, com 10 anos de uso. E foi um bom negócio, de pai para filho, literalmente.

Ter um carro é quase que um atestado de liberdade, uma carta de alforria. Desejo de 10 entre 10 pessoas. O ato de dirigir é capaz de causar uma sensação de onipotência incrível.

Bem, no brasil há mais de 190 milhões de pessoas. Com as indústrias fabricando um pouco mais do que 2 milhões de automóveis por ano, seria necessário quase um século para produzir carros para todos. Ainda não chegamos nesse ponto, mas a explosão das vendas causadas pelo aumento da renda do população e pelas facilidades de crédito tem levado às ruas um número cada vez maior de carros. E isso, ao invés de ser motivo de comemoração, é preocupante.

Hoje, percorri a Bandeirantes e a Ibirapuera, aqui em São Paulo. Era passado do meio-dia, e ambas, apesar do trânsito fluir razoavelmente bem, estavam abarrotadas de carros. Agora, às 20:27, vejo a Ibirapuera parada. E isso é muito preocupante.

A venda de automóveis sempre foi um parâmetro para a nossa economia: quando vende-se muito, a economia vai bem. Do contrário, vai mal. Nossa economia é totalmente dependente do consumo, mas isto é extremamente preocupante. É algo auto-fágico. Não pode acabar bem.

Não temos estrutura para tantos veículo. Vejo que São Paulo é o melhor exemplo dessa triste realidade.

sábado, 24 de maio de 2008

Sin Libertadores

A imprensa nacional faz o possível para pensarmos que todo argentino ou torce pro Boca, ou torce pro River. O pior é que tem gente que acredita. Até eu acreditava...

Há alguns anos, eu estava em Buenos Aires, conversando com um senhor. Como de costume, a conversa chegou ao futebol, quando fiz a inevitável pergunta: "hincha de Boca o de River?". E ele, com a educação e polidez típica dos portenhos, respondeu: "soy hincha de Chacarita".

Fui obrigado a rever meus conceitos. Descobri que o Chacarita Jrs. é um dos mais de 20 clubes profissionais com sede na província de Buenos Aires, onde existe, assim como no Inglaterra, a cultura do time de bairro.

Mas mesmo neste universo de equipes, algumas se sobrepõem: é o caso dos Cinco Grandes: Boca Juniors, Independiente, Racing, River Plate y San Lorenzo de Almagro.

Algumas pessoas poderiam achar estranho o fato do Club Atlético San Lorenzo de Almagro fazer parte desta lista, mas são os mesmos que perguntam a todos os argentinos "hincha de Boca o de River?". Além de uma fanática torcida e uma grande estrutura, o CASLdeA tem uma bela história, sendo o quinto clube que mais vezes venceu o campeonato argentino, com 13 conquistas. E foi, inclusive, o primeiro time hermano a participar da Copa Libertadores da América, em 1960, eliminando o primeiro brasileiro na competição, o (pasmem) Bahia, e sendo derrotado nas semi-finais pelo futuro campeão, o Peñarol.

Mas é justamente esta competição continental que é motivo de piada por parte dos outros Grandes: o San Lorenzo é o único deles que ainda não levantou esta taça. Tanto que dizem que o CASLdeA não significa Club Atlético San Lorenzo de Almagro, e sim Club Atlético Sin Libertadores de América.

No ano de seu centenário, o clube apostava na quebra do tabu (contando, inclusive, com a minha simpatia): investiu alto e vinha tendo uma campanha promissora, fazendo prevalecer atuações marcadas pela superação e pela a raça, como no empate com o River Plate, em pleno Monumental de Nuñez, apesar do placar inicialmente desfavorável em dois tentos e estando com dois jogadores a menos.

Nas quartas-de-final, os argentinos enfrentaram a não mais surpreendente LDU, do Equador. Após um frustrante empate em casa, igualaram o placar em Quito, apesar de novamente terem um jogador expulso, ainda no primeiro tempo.

Mas aí vieram os pênaltis. E o San Lorenzo perdeu. Continua a ser o Club Atlético Sin Libertadores de América.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Caralho de asas

Rei do xadrez surpreendido por um penis voador

Durante uma conferência a favor da restauração da democracia, o mestre do xadrez Garry Kasparov foi surpreendido por um "pênis voador" que cruzou a sala, assustando os presentes.

Tudo aconteceu durante uma palestra em que Kasparov expunha a importância dos direitos humanos e buscava unir a combalida oposição russa.

Na metade do discurso, um apetrecho voador, com forma de pênis, cruzou o ambiente, ante o alhar atônito de todos os presentes e às gargalhadas da imprensa, que acompanhava o evento.

Curiosamente, esta não é a primeira vez que acontece algo desta natureza durante uma conferência de Kasparov, opositor ferrenho do ex-presidente e atual premiê Vladmir Putin.

Muitos afirmam que jovens ligados a Putin e ao atual presidente Dmitry Medvedev são os responsáveis por esse tipo de atitude, visando ridicularizar os esforços de Kasparov de fortalecer a oposição.

link

Sonhos

Quem tem muito, mas muito dinheiro, pode comprar inúmeras coisas, inclusive Deus: é só ir à Belgian Beer Paradise e pagar R$199,00 por esta ceveja belga.

Mas nem todo o dinheiro do mundo pode comprar todos os nossos sonhos. Que o diga Roman Abramovich. Em 2003, o bilionário russo comprou o Chelsea Football Club, time londrino que até então tinha vencido o campeonato inglês apenas na temporada 54/55. Desde então, tem gasto milhões e milhões de dólares (de procedência pra lá de duvidosa) na esperança de ver o seu time campeão da UEFA Champions Leage.

De time médio, o Chelsea passou a ser uma potência mundial, vencendo o campeonato inglês 2004-2005 e 2005-2006 e chegando três vezes às semi-finais da maior competição européia.

Mas nesta quarta-feira Abramovich tinha a chance de ver o seu sonho tornar-se realidade, e ainda por cima em Moscou, capital de sua terra natal: seu time disputava as penalidades máximas com o também inglês Manchester United e caso convertesse o último tiro, seria campeão.

Chovia em Moscou, e o capitão dos Blues, John Terry, correu em direção à bola... e escorregou...

O goleiro foi para um lado, e a bola para o outro, mas bem para o outro lado. Fora.

O Manchester venceu o jogo e ficou campeão, pela terceira vez.

Abramovich terá que esperar, pelo menos mais um ano para realizar seu sonho. E tirar do bolso mais muitos milhões de rublos.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Tempo

Tenho um amigo que diz que, para ele, o problema não é o dinheiro, mas sim a falta de tempo para poder gastá-lo.

Tempo é complicado. Onde está quando mais precisamos dele? Por que desperdiçamos o pouco que temos com Orkut ou Blog?

Em 1998, eu estava na faculdade. Os professores e servidores federais decidiram que fazer uma greve seria um bom argumento para pleitear melhores ganhos salariais. E o Germano ficou sem aula, por três longos meses...

Engana-se quem pensa que foram dias de monotonia e tédio. Assisti a TODOS os jogos da Copa da França, inclusive Escócia x Marrocos, Arábia Saudita x África do Sul, Iuguslávia x Irã e Tunísia x Romênia.

Quatro anos mais tarde, quando Japão e Coréia sediaram o evento, eu já estava trabalhando. Mas como todo profissional liberal em início de carreira, tinha bastante tempo disponível. Instalei uma TV preto e branca no consultório e assisti a praticamente todos os jogos.

Agora já não posso me dar a esse luxo. Tanto que amanhã Manchester United e Chelsea irão disputar a final da UEFA Champions Leage e eu não vou poder assistir.

Não sou fã e nem simpatizo com nenhum desses times, e se por um lado gosto do elenco do Chelsea, gostaria que o Anderson fizesse o gol do título para o Manchester.

Será uma belo jogo, com certeza.

Convenções II

Nesses dias fui experimentar uma cerveja produzida aqui na região. Na verdade eu já havia experimentado, mas na versão engarrafa e não em barril, como desta vez, e tivera uma boa primeira impressão do produto.

Fui a um restaurante, que representa esta cervejaria na cidade. O pessoal de lá estranhou que não fui para jantar, mas até aí tudo bem. Perguntei qual o “chopp” que eles tinham

(tenho preconceito com a expressão chopp, confesso que é bobagem minha, mas se eu pedisse uma cerveja trariam uma de garrafa). Marca “tal”, foi a resposta. Presumi que fosse o blockbuster “tipo Pilsen filtrado”, onipresente nos barris. Perguntei pela quantidade, e fui informado que se tratava da “taça normal”. Sem questionar os padrões de normalidade, pedi um.

Lá estava eu, em meio a diversas pessoas ávidas por fatias de pizza, diante de um copo de cerveja. Lembrei-me de Shakespeare : "eu daria toda a minha fama por uma caneco de cerveja e alguma segurança..."

Mas vamos lá: primeiro passo, a avaliação visual: Ok. Segundo passo, o aroma: muito bom, com nítida presença de malte. Finalmente, o sabor: o primeiro gole e... nada.

Bem, esse nada é mais simbólico. Acontece que a cerveja fora servida tão gelada, mas tão gelada que não consegui perceber os sabores da bebida. Novamente aquela velha convenção a respeito do chopp/cerveja ser servido “estupidamente gelado”.

Mas como condenar quem vende se quem consome exige que seja assim? O bar que ousar servir chopp a uma temperatura entre 3 e 4º, está fadado à maledicência, seguida da falência. O consumidor quer gelado porque aprendeu que gelado é melhor, muito melhor. Aí entram as grandes empresas do mercado, que através de incessantes campanhas de marketing, vendem-nos esta idéia equivocada.

Mas o chopp gelado é ruim??? Não, muito pelo contrário: o chopp gelado pode ser muito gostoso e refrescante. O problema é que deste modo não conseguimos aproveitar o sabor em sua plenitude. Mas para uma bebida produzida em escala industrial, cujo volume é medido em hectolitros, e que deve chegar ao consumidor final com um preço competitivo, o que torna necessário a utilização de matérias-primas como cereais não-maltados e outros carboidratos para diminuir o custo de produção, o fato de ser servido gelado ajuda a disfarçar sabores desagradáveis ou menos nobres. Pimba! No final, tudo se encaixa.

E caso alguém decida produzir uma cerveja puro malte, com ingredientes selecionados, corre o risco de ter prejudicado aquilo que seria o seu maior diferencial, o sabor, pois invariavelmente o consumidor irá exigir chopp gelado. Infelizmente, ainda não existe uma população economicamente significativa em termos de mercado consumidor que tenha conhecimento de que há diferenças entre um produto e o outro, principalmente fora dos grandes centros. Tanto que a grande maioria das micro-cervejarias nova tem como carro chefe uma Pilsen, que costuma ser servida conforme o convencionado.

Isso, por enquanto. Assim como aconteceu com o vinho, a chegada de cervejas importadas trouxe a oportunidade das pessoas descobrirem que existe vida fora das nossas “tipo Pilsen”. O crescimento das micro-cervejarias nacionais e do homebrewing também indicam um futuro melhor para estas cervejas tidas como “especiais”.

Quanto a mim, restou-me esperar a cerveja esquentar um pouco, para daí sim poder desfrutar de todo os sabor. E ela se saiu bem, em questão de qualidade o pessoal da cervejaria está no caminho certo. Mas em termos de mercado, ainda há muito a percorrer.

Ponto Final.

Terminei de ler, ontem de madrugada, o livro Jesus de Nazaré, do Santo Padre, o Papa Bento XVI. Um belo tratado teológico.


Pena que agora, por causa da minha monografia, terei que dar um tempo às minhas leituras.

domingo, 18 de maio de 2008

Convenções

Convenções, como precisamos delas. Nossa vida fica tão mais tranqüila quando regida por certas convenções. O que seria de nós se alguém não tivesse convencionado que, para abrirmos uma torneira, devemos girar o registro no sentido anti-horário? Ninguém pensa nisso na hora que queremos abrir a torneira, mas esta convenção já está tão enraizada que fazemos de modo inconsciente. Do mesmo modo o parafuso: dificilmente alguém aperta mais um parafuso, porque sabe que para retirá-lo é preciso girar a chave de fenda no sentido anti-horário. Que maravilha!

Imaginem se alguns parafusos ou registros viessem com suas roscas com sentidos invertidos: quanta confusão... Torneiras emperradas ou banhos desnecessários, parafusos fixados ad eternum... Ou no caso dos apertos de mãos, imaginem se algumas pessoas resolvem nos cumprimentar com a mão esquerda? Não, não estou me referindo aos escoteiros, mas sim a pessoas no dia-a-dia.

Reza a lenda que as pessoas começaram a se cumprimentar com a mão direita para indicar ao outro que não estavam segurando alguma arma, pois em torno de 90% de nós somos destros. Pronto, criada mais uma convenção. Extremamente útil, por sinal.

Mas há convenções que não vêm para o bem: por exemplo, alguém, num belo dia, disse que cerveja é uma coisa, e chopp é bem outra, e que ambos devem ser consumidos estupidamente gelados. Outra convenção.

É motivo de chacota o hábito de europeus em geral consumirem cerveja a uma temperatura mais elevada a qual nós estamos acostumados. Será que um povo tão mais avançado em termos tecnológicos, industriais e educacionais seria tão burro ao ponto de não perceber os benefícios de uma loira estupidamente gelada, em detrimento à “cerveja quente”.

Dias atrás, hospedamos aqui em caso um alemão, capitão da marinha, aposentado. Ele é um rotariano, líder de um grupo de intercambistas alemães que visitaram a nossa região. Sincero e direto, Jörg Krause não mandava dizer. Também, o que esperar de um alemão, ainda por cima acostumado ao ambiente da caserna?

Dentre as muitas conversas que tivemos, o assunto cerveja também foi abordado, assim como a temperatura ideal para servi-la. Herr Krause usou um ditado em alemão bastante interessante, cuja tradução mais do que livre é algo assim: “quanto pior a bebida, mais gelada deve ser servida”.

Na verdade eu já sabia a resposta: numa temperatura próxima a zero, as papilas gustativas presentes na língua ficam “adormecidas”, impedindo que percebamos características importantes presentes de ALGUMAS cervejas. Por outro lado, uma cerveja estupidamente gelada irá disfarçar sabores desagradáveis. Juro que já senti cheiro e gosto de ovo em uma cerveja nacional de menor circulação.

Resumo da ópera: ao resfriarmos exageradamente uma cerveja de qualidade, nossa língua não terá plenas condições de perceber todas as nuances de sabores da bebida, fazendo com que deixemos de aproveitar a cerveja em sua totalidade.

Bem, toda essa introdução é para contar uma história que vivi no último sábado. Mas o resto fica para uma próxima...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Cerveja artesanal – a saga

Não acredito que estamos pagando por algo que podemos ver de graça na TV. As pessoas neste cinema são um bando de idiotas. Especialmente você!”, disse-me Homer Jay Simpson, com o dedo em riste. Foi um recado duro, direto e, infelizmente, verdadeiro. Mas naquele momento nem adiantaria mais dar ouvidos a ele, pois já era tarde. Não devolveriam o meu dinheiro. E o filme se resumiu a um mero episódio espichado.

Fazendo um paralelo, o que leva uma pessoa a TENTAR produzir um produto tecnicamente complexo, que necessita de um investimento razoável para a compra de equipamentos, e que demando um bom tempo para o seu preparo, sendo que este mesmo produto pode ser encontrado, sem dificuldade alguma, em qualquer ambiente urbano, sem que se precise procurar muito, e a um preço razoavelmente baixo? Ao invés de comprar os ingredientes, moer o malte, cozinhá-lo, separar o líquido, acrescentar lúpulo, cozinhar mais, colocar o fermento, resfriar, colocar o líquido num outro local, vedado, onde possa fermentar por alguns dias, e depois engarrafar, fechar as garrafas, uma por uma, esperar mais alguns dias para maturar, para daí sim poder degustar a cerveja? Não seria muito mais fácil, prático e rápido entrar no bar mais próximo e pedir “a mais gelada, por favor”? Ou ir ao mercado, comprar umas garrafas/latinhas e deixar um tempinho no congelador?

Talvez as coisas não sejam tão simples assim. Se a cada dia mais pessoas produzem sua própria cerveja, isto deve ter alguma razão.

E por que diabos eu resolvi fazer parte deste grupo?

A minha primeira idéia, ao criar este blog, era seguir um tema específico, que inclusive já tinha sido escolhido: este do título acima. Eu queria relatar a fabricação da minha cerveja artesanal, seguindo todos os passos, da idéia ao produto final. A idéia era (e é) boa, mas ficaria um pouco estranho caso eu escrevesse sobre outro assunto. Preferi não restringir o tema, mas sem abrir mão de contar minhas agruras de futuro mestre cervejeiro.

Como exercício, vou começar escrevendo um pouco sobre a história desta bebida, seguindo uma seqüência cronológica. Não esperem rigor histórico, a Internet é recheada de site sérios sobre o assunto.

Novo site do bloco K'CETA

Ontem o meu blog teve 4 acesso. Anteontem também. É motivo de desânimo? Muito pelo contrário: significa que algumas pessoas sabem que ele existe. Então quero convidar essas pessoas a darem uma olhada no novo site do bloco K'CETA, desenvolvido pelo meu grande amigo Rodrigo Mentges.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Previsões

Os meteorologistas são muito criticados pelo fato de nem sempre acertarem suas previsões. Eu não sou tão radical assim, acho que, em geral e diante de todos as possibilidades envolvidas, o trabalho deles até que é bem preciso.

Eu evito de fazer previsões, sejam elas quais forem. E somente as faço quando tiver um bom embasamento. Por exemplo no futebol: analiso os elencos, os resultados recentes e dou meu palpite.

As vezes acerto. Disse que o Campeonato Gaúcho de 2008 já tinha dono, e que o jogo final seria uma goleada. Mas diante da superioridade técnica do vencedor sobre o vice, até os meus cachorros sabiam quem venceria e com que facilidade.

Mas muitas vezes não funciona. Para a Copa do Brasil de 2008, apontei o palmeiras, o inter e o meu Grêmio como favoritos ao título. O primeiro pelo elenco, pelo investidor e pelo técnico. O segundo, pelo forte time, e o terceiro, bem o terceiro corria por fora, mas fui contaminado por um excesso de otimismo no início da temporada.

Ontem, caiu o último deles que ainda estava na competição.

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E na Copa da UEFA, o Zenit de São Petesburgo derrotou o Rangers e sagrou-se campeão. Gosto da Copa da UEFA, pena que a Conmebol não valoriza a nossa Sulamericana da mesma maneira.

O que não faz o dinheiro: ninguém imaginaria um time russo vencendo uma competição européia há alguns anos.

Os escoceses têm que se contentar com o vice. O Papa deve ter gostado.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Madhukar e a diplomacia

Tempos atrás li uma entrevista com João Havelange, o ex-presidente da FIFA que transformou o futebol neste esporte multi-bilionário, sucesso em praticamente todo o mundo.
Havelange era um esportista. Aliás, ainda é, pois mantém uma rotina de nado que deixaria com inveja muito professor de academia. E participou de duas Olimpíadas, sendo que a primeira delas foi a de 1936, em Berlim, quando a Alemanha era governada por ninguém menos do que Adolf Hitler.
Na entrevista que eu li, quando perguntado sobre como os atletas acompanharam todo o aspecto ideológico presente naqueles jogos, o brasileiro tranqüilamente poderia ter criticado o país sede, seu povo. Não seria questionando por ninguém, talvez até aplaudido.
Mas não. Ele apenas respondeu: “Indiscutivelmente, os Jogos Olímpicos de Berlim foram marcados por uma organização excelente e instalações perfeitas”.
Se alguém procurava algum exemplo de diplomacia, acabou de encontrar. Não é à toa que hoje a FIFA tem um maior número associações filiadas do que ONU tem de nações. Se o futebol é este sucesso incontestável (no aspecto comercial, para que fique bem claro), isso tudo se deve a João Havelange e seu talento. Inclusive em relação à diplomacia.
Num tempo em que a informação corre o mundo numa velocidade nunca antes pensada, fazendo com que todo o mundo queira ter sua opinião a respeito de tudo, quanta falta nos faz a diplomacia! Tantos problemas ou situações desagradáveis seriam evitados se usássemos um pouco desta "ciência", como fazia o meu amigo Madhukar.
Madhukar Shyam (foto) é um rotariano da Índia, e esteve visitando o nosso país em 2006, no papel de líder de um IGE (Intercâmbio de Grupo de Estudos), junto de mais três conterrâneos. Sempre simpático e solícito, ele manteve a sobriedade e apelou para a diplomacia sempre que as perguntas destinadas a ele cruzavam a linha que separa a curiosidade da deselegância. Tudo bem que algumas pessoas encontrem incoerências no fato do país de Gandhi possuir armas nucleares, mas a impressão que um questionamento desses pode causar não deixa de ser devastadora.
Sorte que do outro lado estava Madhukar. Calma e pacientemente nos explicou (inúmeras vezes) que a tecnologia nuclear indiana tem como objetivo fornecer a energia elétrica tão importante para este país que não para de crescer e, em caso de necessidade ou quando a soberania do país estiver ameaçada, possibilitar a construção de armamentos atômicos.
Pode não ser verdade. Eu, sinceramente, não acredito. Mas talvez os brasileiros pensassem diferente se, ao invés de Bolívia e Suriname, tivéssemos Paquistão ou China como vizinhos.
Os indianos estavam aqui tão somente para conhecer o nosso país e para deixar uma boa impressão do seu, e parece que conseguiram (por mais difícil que seja este segundo). Madhukar foi um diplomata. Por isso que foi escolhido para liderar o grupo.

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Hoje, tive medo de passara novamente por uma situação desconfortável como esta. Ciceroniano um grupo de alemães, também do IGE, temi que alguém fizesse alguma alusão ao nazismo, do tipo: “como vocês foram cair nessa, pô?”, ou “o que vocês têm contra os judeus?”. Mas não, tirando uma pergunta sobre o espírito belicoso dos alemães, que eu consegui atenuar na tradução, nada desagradável.
Ainda bem. Melhor do que agir com diplomacia é não precisar dela.

Os 3 Porquinhos (narrado por um Engenheiro)

Estou envolvido com a visita do alemães do IGE (Intercâmbio de Grupo de Estudos, um programa de intercâmbios do Rotary). Para que o blog não fique parado, resolvi deixar aqui uma piada que li:

Os 3 Porquinhos (narrado por um Engenheiro)


O filho quer dormir e pede ao pai (ENGENHEIRO) para contar uma história e ele conta a dos três Porquinhos.

Meu Filho, era uma vez três porquinhos (P1, P2 e P3) e um Lobo Mau, por definição, LM, que vivia os atormentando.

P1 era sabido e fazia Engenharia Elétrica e já era formado em Engenharia Civil.

P2 era arquiteto e vivia em fúteis devaneios estéticos absolutamente desprovidos de cálculos rigorosos.

P3 fazia Comunicação e Expressão Visual na ECA.

LM, na Escala Oficial da ABNT, para medição da Maldade (EOMM) era Mau nível 8,75 (arredondando a partir da 3ª casa decimal para cima). LM também era um mega investidor imobiliário sem escrúpulos e cobiçava a propriedade que pertencia aos Pn (onde 'n' é um número natural e varia entre 1 e 3), visto que o terreno era de boa conformidade geológica e configuração topográfica, localizado próximo a Granja.

Mas nesse promissor perímetro P1 construiu uma casa de tijolos, sensata e logicamente planejada, toda protegida e com mecanismos automáticos.

Já P2 montou uma casa de blocos articulados feitos de mogno que mais parecia um castelo lego tresloucado.

Enquanto P3 planejou no Autocad e montou ele mesmo, com barbantes e isopor como fundamentos, uma cabana de palha com teto solar, e achava aquilo 'o máximo'.

Um dia, LM foi ate a propriedade dos suínos e disse, encontrando P3:
- 'Uahahhahaha, corra, P3, porque vou gritar, e vou gritar e chamar o Conselho de Engenharia Civil para denunciar sua casa de palha projetada por um formando em Comunicação e Expressão Visual! '

Ao que P3 correu para sua amada cabana, mas quando chegou lá os fiscais do Conselho já haviam posto tudo abaixo. Então P3 correu para a casa de P2.

Mas quando chegou lá, encontrou LM à porta, batendo com força e gritando:
- 'Abra essa porta, P2, ou vou gritar, gritar e gritar e chamar o Greenpeace, para denunciar que você usou madeira nobre de áreas não-reflorestadas e areia de praia para misturar no cimento.'
Antes que P2 alcançasse a porta, esta foi posta a baixo por uma multidão ensandecida de ecos-chatos que invadiram o ambiente, vandalizaram tudo e ocuparam os destroços, pixando e entoando palavras de ordem.

Ao que segue P3 e P2 correm para a casa de P1.Quando chegaram na casa de P1, este os recebe, e os dois caem ofegantes na sala de entrada.

P1: O que houve?

P2: LM, lobo mau por definição, nível 8.75, destruiu nossas casas e desapropriou os terrenos.

P3: Não temos para onde ir. E agora, que eu farei? Sou apenas um formando em Comunicação e Expressão Visual!

Tum-tum-tum-tum-tuuummm!!!! (isto é somente uma simulação de batidas à porta, meu filho! o som correto não é esse.)

LM: P1, abra essa porta e assine este contrato de transferência de posse de imóvel, ou eu vou gritar e gritar e chamar os fiscais do Conselho de Engenharia em cima de você!!!, e se for preciso até aquele tal de Confea

Como P1 não abria (apesar da insistência covarde do porco arquiteto e do...do... comunicador e expressivo visual) LM chamou os fiscais, e estes fizeram testes de robustez do projeto, inspeções sanitárias, projeções geomorfológicas, exames de agentes físico-estressores, cálculos com muitas integrais, matrizes, e geometria analítica avançada, e nada acharam de errado. Então LM gritou e gritou pela segunda vez, e veio o Greenpeace, mas todo o projeto e implementação da casa de P1 era ecologicamente correta.

Cansado e esbaforido, o vilão lupino resolveu agir de forma irracional (porém super-comum nos contos de fada): ele pessoalmente escalou a casa de P1 pela parede, subiu ate a chaminé e resolveu entrar por esta, para invadir.

Mas quando ele pulou para dentro da chaminé, um dispositivo mecatrônico instalado por P1 captou sua presença por um sensor térmico e ativou uma catapulta que impulsionou com uma força de 33.300 N (Newtons) LM para cima.

Este subiu aos céus, numa trajetória parabólica estreita, alcançando o ápice, onde sua velocidade chegou a zero, a 200 metros do chão.

Agora, meu filho, antes que você pegue num repousar gostoso e o Papai te cubra com este edredom macio e quente, admitindo que a gravidade vale 9,8 m/s² e que um lobo adulto médio pese 60 kg, calcule:

a) o deslocamento no eixo 'x', tomando como referencial a chaminé;

b) a velocidade de queda de LM quando este tocou o chão; e

c) o susto que o Lobo Mau tomou, num gráfico lógico que varia do 0 (repouso) ao 9 (ataque histérico).

terça-feira, 13 de maio de 2008

Ponto Final.

Terminei o livro Almanaque anos 80. Para um nostálgico de carteirinha, como eu, é um prato cheio.

Pena que foi escrito com uma visão muito rio-sãopaulocentrista.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Futebol, finalmente...

Identidade, carteira de estudante e dinheiro para a entrada e um lanche. Foi o que eu levei para assistir à minha primeira partida de futebol em São Paulo. Carteira, celular, cartão de crédito, aliança, máquina fotográfica, tudo isto ficou no quarto do hotel.

Eu estava na capital paulista para mais uma semana de estudos, e o meu Grêmio iria enfrentar o São Paulo pelo Campeonato Brasileiro de 2006, na noite de quarta-feira. Decidi ver este jogo, nem que fosse no espaço reservado à torcida local. Talvez a precaução fosse exagerada, mas não queria arriscar.

Foram inúmeras as oportunidades em que me emocionei com o meu Grêmio, mas esta vez foi especial: chegando perto do enorme estádio, escutei o grito vindo das arquibancadas, cada vez mais nítido: Grêêêmiooooo, Grêêêmiooooo, Grêêêmiooooo... Eu, do lado de fora do maior estádio particular do Brasil, estava ouvindo o grito de uma só torcida, a torcida visitante, a torcida do meu time. E foi junto desta torcida que eu assisti ao meu primeiro jogo fora de Porto Alegre.

Pouco mais de 100 Gremistas cantando o jogo inteiro, diante de um Morumbi calado.

Nesse sábado, o meu Grêmio estréia no Campeonato Brasileiro 2008. Contra o mesmo São Paulo. No mesmo Morumbi. Finalmente terei futebol, depois de 1 mês pagando o pay per view à toa.

A única foto que eu tenho daquela noite de 2006 é esta que um colega tirou com o celular. Mas as imagens daquele jogo ficarão para sempre na minha memória.

Isso se eu não tiver Alzheimer.

Descarrilamento II

“Uhm, será que levo essa Eisenbahn Pilsen ou umas Nova Schin?”

“Carne Ok; carvão Ok; agora só falta a cerveja: não sei se pego Glacial ou Eisenbahn Dunkel .”

“Compramos o quê: Primus ou Eisenbahn Strong Golden Ale?”

Definitivamente, estas não são frases que se ouve junto à gôndola do supermercado. Apesar de ser tudo cerveja, são produtos diferentes: um lado, voltado ao consumo em massa, o outro se identificando com uma clientela mais exigente, que não se importa em pagar um pouco a mais para usufruir de um produto diferenciado.

A compra da Cervejaria Südbrack (que fabrica a Eisenbahn) pelo Grupo Schincariol não tem como objetivo eliminar a concorrência (como foi o caso da compra da Conti pela Inbev), mas sim possibilitar a entrada da cervejaria de Itu no crescente mercado das cervejas “especiais”, algo que dificilmente conseguiria fazer criando algo novo vinculado à marca Schin.

A mesma Inbev que produz a Skol também produz as excelentes Leffe, Hoegaarden e Franziskaner. Acredito (e desejo) que esta seja a idéia da Schincariol.

O que pode causar lamento é o fato de que mais uma vez Golias venceu Davi. A Eisenbahn sempre serviu de exemplo tanto para as outras microcervejarias e homebrewing quanto para os consumidores, sendo que para muitos destes a garrafinha com a locomotiva no rótulo foi o primeiro contato com as cervejas especiais. Mas pude ver em minha visita que a estrutura deles era muito superior às outras microcervejarias catarinenses. Ou eles tinham que vender muito, ou precisavam de alguém com condições de bancar tamanho investimento, ou se iriam se endividar.

É provável que o sabor permaneça igual, mas não vai ser mais a mesma coisa...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Descarrilamento


Logo hoje que eu iria começar a escrever sobre cerveja, fiquei estarrecido com a notícia que li: o grupo Schincariol comprou a cervejaria artesanal Eisenbahn, de Blumenau.

O boato da venda já corria há um bom tempo, e os indícios eram fortes, pois a empresa que produz a Nova Schin já havia comprado a Baden Baden e a Devassa, e a saúde financeira da cervejaria catarinense já era questionada.

Em janeiro deste ano, tive a feliz oportunidade de conhecer a fábrica desta que talvez fosse a mais bem sucedida das micro-cervejarias brasileiras. Produz 11 tipos de cerveja, todas de excelente qualidade. Junto à fábrica há um bar, onde ao som de música alemã, pode-se degustar a bebida.

Espero que os executivos da Schincariol "peguem leve" e mantenham a qualidade do produto.

O futebol me diverte

Participo de um fórum de discussão sobre futebol. Nele há um flamenguista, que após a vitória do seu time por 4 x 2 sobre o América do México, proferiu as seguintes pérolas:

"quem diria.... os times cariocas firuleiros já classificados pras quartas de final... huahuahuahuahuahau
vão ficar sem assunto por duas semanas! "

"
mas alguém acredita num 0 x 3 pro america?"


HAHAHAHAHHAHAHAHAHA

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Começando...

Sinceramente, é muito idiota da minha parte iniciar um blog justamente agora quando tenho que terminar de organizar a visita que alguns alemães farão à minha cidade, já na semana que vem, e que também estou bastante envolvido com a monografia da minha pós-graduação (que, diga-se de passagem, está atrasada).

Dizem que quanto mais coisas tu tens para fazer, mais tempo tu arrumas para outras atividades. Não sei... acho que essa minha situação lembra-me dos tempos de faculdade, final de semestre, com uma prova atrás da outra. Nesses momentos, a gente sempre lembrava que tinha que varrer o apartamento ou lavar a louça, como se alguém fosse estudar por mim...

É típico do ser humano tentar resolver seus problemas esquecendo-os. No final das contas, igual eu tinha que atravessar a madrugada em meio aos livros.

Será que este blog não é a maneira que eu encontrei para postergar meus afazeres mais urgentes? Agora, por exemplo, eu poderia estar lendo “Mandibular dental arch form and dimension: treatment and postretention changes”, ou pensando em algo para entreter os alemães na quarta-feira à noite, mas não, estou escrevendo algo que talvez ninguém vá ler.

Mas talvez não seja esta a razão. Sempre gostei de escrever, pode ser que finalmente tenha criado coragem e começado.

A princípio, não terei um assunto específico. Pensei em escrever contando o meu projeto de produzir cerveja artesanal, mas acredito ter desenvoltura para palpitar sobre futebol, história, odontologia, ortodontia, culinária, Fórmula 1, Rotary, fotografia, carros antigos, Igreja, viagens, literatura, música, política internacional e, principalmente, banalidades.

Não ficaria admirado se o meu projeto de blog terminasse por aqui. Talvez, quando eu pensar que deveria escrever algo a mais, posso me lembrar de que há louça para secar, ou que o carro precisa ser lavado...

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