E são muitos. Os mais maldosos dizem que no norte tem índio e nordestino. Maledicência...
Mas é normal que um grupo populacional deslocado de sua origem busque preservar sua identidade. E foi o que fizeram os nordestinos do Pará: para manterem viva a lembrança do sertão, eles fundaram um CTG, onde dançam a chula, o pezinho e o vanerão. O CTG de Parauepebas é o ponto de encontro dos nordestinos que moram no Pará, onde eles podem matar a saudade de casa e lembrar dos tempos passados....
Você deve estar achando ridícula e idiota essa história, mas ela existe, somente os nomes dos personagens foram alterados. Mas eu vou revelá-la, mesmo que isso possa custar-me o ostracismo.
Na quinta-feira que vem começa na minha cidade a Oktoberfest-Missões. E não somos os únicos: Igrejinha, Santa Cruz, Santa Rosa e Blumenau, entre outras, também têm seus festejos de outubro, baseados no evento que ocorre anualmente em München, desde 1810.
Existe incongruência nisto? Bem é uma festa alemã, não é?
Não!!!
A Oktoberfest não é uma festa alemã. E quem me disse isso não foi a Wikipedia ou o Google. Quem me disse isso foi o Herr Krause, líder dos intercambistas alemães que visitaram nossa região em maio corrente. Quando mostramos-lhes o nosso parque de exposições, onde é realizada a nossa Oktoberfest, ele não escondeu sua perplexidade. A razão: Oktoberfest é tradição bávara e não alemã.
Mas os bávaros (ou bayern, no original), não são alemães???
São, são mesmo, assim como os gaúchos e os nordestinos são brasileiros.
É muito complicado tentar explicar as diferenças culturais entre os povos que formaram a atual Alemanha, mas posso adiantar que os do sul (bávaros) não gostam nem um pouco dos do norte (prussianos). E vice-e-versa. E razões não faltam: sul católico x norte protestante, sul unido e forte x norte desunido e forte, norte lutando contra Napoleão x sul construindo Neuschwanstein...
Em suma: os do norte não gostam dos do sul. E o contrário também é válido. Como diria a intercambista Janina Hinck “das ist nicht deutsch, das ist bayern” (isto não é alemão, isto é bávaro).
E a Oktoberfest? Bem, é uma festa que surgiu para comemorar o casamento de um príncipe da Baviera, e que hoje ocorre em diversas cidades do sul do Brasil. Há incoerência nisto?
Há! Claro que há!
A Unificação Alemã ocorreu, oficialmente, em 1871. Antes disto não havia uma identidade alemã, diversos reinos, ducados, cidades, principados, cada um com sua identidade e autonomia, formavam os então conhecidos Estados Alemãs. E foi nessa época que muitos buscaram novos horizontes em um continente distante. E partiram, da Saxônia, de Württenberg, de Hessen... houve migrantes da Baviera rumando para a América do Sul? Óbvio que houve, mas foi uma minoria insignificante...
Os alemães, ou seus descendentes, que hoje habitam o sul do Brasil, têm todo o direito de relembrar suas tradições de além-mar. Mas cultuar algo que lhes é estranho??? A Oktoberfest não é alemã, assim como o CTG não é nordestino. Há uma forte incoerência nisto, e a verdade não pode silenciar.

Então vou desabafar, mesmo que o meu Rotary Club fature com a venda dos bolinhos de carne que eu faço, mas a Oktoberfest não é coisa nossa, não é algo que veio com os nossos alemães. É bávaro, assim como o Bayern München e a Hoffbräuhaus.
E é errado que nós a comemoremos?
É e não é.
É porque é algo “importado”, nada a ver conosco (ou com nossos antepassados).
E não é porque que é algo que já possa ser considerado como uma tradição nossa. E porque é um alento financeiro imprescindível. No ano passado, nosso Rotary Club lucrou uns bons trocados com a venda dos meus bolinhos de carne. A primeira Oktober brasileira surgiu para reconstruir a Blumenau que fora arrasada pelas lamacentas águas do Itajaí-açu. E foi algo que deu certo.
Ou seja, este é um desabafo, mas peço a solidariedade dos meus leitores para que não me delatem e permitam que tais festas continuem a serem realizadas.
Tanto porque eu me divirto um bocado nelas.
Bah Germano!
ResponderExcluirEu juro que ocmentei antes...mas tava com a internet problemática e o post nao foi...
Eu disse que, assim como um alemão não diferenciaria um nordestino de um sulista, e englobaria eles como basileiros, eu nao diferencio um prussiano de um bávaro (que parece tirolês). Então, sei lá.. eheh
E ainda sou ibérico ehehe não tenho relaçao com os teutos...
mas enfim, que continuem as festas e com a cerveja.
De onde ela vem não importa muito.
Um professor meu, que foi recentemente pra Alemanha e Áustria e foi na Oktober lá, trouxe milhares de fotos e deu uma aula sobre o festival. Ele explicou um pouco dessa diferença, mas eu fiquei perdido também.
ResponderExcluirEu ainda quero ir na de Blumenau, ficar uns 4 dias bebado! =D