sexta-feira, 31 de outubro de 2008

SEMtenário

- Lá vem mais um barco. O rio está movimentado hoje.
- Mas fica quieto! O que eu quero saber de barco? Tenho mais com o que me preocupar do que com barquinhos. E aquele merda do Adenor vai demorar muito ainda? Shirley, liga pro Adenor, diz que nós já estamos o esperando.
- Mas o que mesmo tu quer conversar com a gente?
- Tu sabe que eu não gosto de ficar repetindo as coisas. Espera o Adenor vir que eu vou contar tudo de uma só vez.
- Dr. Fernando, o Sr. Adenor já está aqui.
- Mande-o entrar.
- Bom dia senhores. Espero que a razão deste encontro suplante a oportunidade de assimilação de jogadas da qual estou abrindo mão.
- Poupe-me, Adenor, senta aí que eu tenho algo muito importante pra falar pra vocês dois. Tu também, Vitório, senta aí. É o seguinte: resolvi que vamos mudar nossos planos. Não vamos para a Libertadores no ano que vem.
- Mas doutor, é o ano do nosso centenário, o senhor mesmo semp...
- Sem mais nem menos, Vitório. Nós não vamos. Decidi e pronto.
- Eu não compreendo. Estamos vivenciando uma situação nítida e concreta de alcançarmos tal objetivo, tendo em vista o potencial humano do qual dispomos.
- O Adenor tem razão. Nós temos times para...
- Eu não quero saber. Já está decidido. Vamos abrir mão da nossa vaga para a Libertadores e nos concentrar na Sulamericana desse ano e na Recopa do ano que vem. Ganhar da LDU será tão fácil quanto daqueles mortos do Pachuca.
- Mas Fernando, nós temos condições de alcançar o G4. O nosso time é bom, somente precis...
- Vitório, não pedi tua opinião. Não quero que o time vá bem nesse campeonato. Por acaso vocês já deram uma olhada na tabela? Se chegarmos às últimas rodadas com chances de nos classificarmos, vamos ter que lutar para vencer o São Paulo e o Cruzeiro. E vocês vão querer dar o campeonato de lambuja pros gremistas. Eu não vou permitir que o meu time corra este risco. Não vou ajudar o Grêmio em hipótese alguma! O campeonato pra nós terminou, por mim podem até perder sábado pro Goiás.
- Eu não posso permitir que os meus comandados se eximam de almejar as vitórias por uma mera situação de rivalidade pueril.
- Mas tu é um mal-agradecido, Adenor. Se não fosse por mim, tu ia tá coçando o saco até hoje.
- E os empresários que bancaram os reforços? Contávamos com as cotas da Libertadores para pagarm...
- Tá, Vitório, chega. Até hoje a gente não pagou por esse terreno aqui. Prefiro ser inadimplente a ver o inimigo conquistando mais um troféu. Vai ser assim e deu. Adenor, pode voltar pro gramado. E Vitório, pede pra Shirley colocar de volta aqui atrás a minha mesa o pôster de 2006, porque 2009 terminou pra nós.

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Este diálogo é fictício. Ou não...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Movimento “Quem é você que não sabe o que diz”

Atendendo ao pedido do Sr. Jorge Gitzler, presidente da ACERVA Gaúcha (Associação dos Cervejeiros Artesanais do Rio Grande do Sul), repasso aos meus 4 leitores:




COMUNICADO DE INDIGNAÇÃO


Movimento “Quem é você que não sabe o que diz”


A Cervejaria Colorado vem a público manifestar sua indignação ao comentário maldoso, pouco ético e sem fundamento emitido pelo mestre-cervejeiro da Guinness, Sr. Fergal Murrey, em relação à cerveja brasileira.



Agora que a Europa está em crise, parece que as grandes cervejarias estrangeiras começam a ter um grande interesse no nosso mercado. Semana passada esteve em São Paulo o cervejeiro da Guinness Sr. Fergal Murray “a convite” da multinacional DIAGEO, para ensinar brasileiro a beber cerveja, a deles.


Foi ao Anhanguera, que só vende cervejas artesanais brasileiras, e com uma careta qualificou a cerveja Demoiselle, da Cervejaria Colorado, como "É café, gelo e álcool". Oras bolas, Sr. Murrey! Gosto à parte, mas paladar é fundamental nesta nossa jornada de cervejeiro. Preferimos acreditar que fôlego lhe faltou neste maravilhoso tour beergastronômico pelo Brasil. Pior ainda foi que o comentário saiu publicado no Jornal da Tarde do último dia 21/10/2008, sob o título “Em busca da loira perfeita”.


Em resposta a este palpite infeliz do Sr. Fergal Murray, fazemos questão de manifestar nossa indignação e desrespeito à cerveja brasileira, que com muita luta vem criando sua própria escola, com muita garra, perseverança e dedicação das micro-cervejarias.


O referido palpite do Sr. Murrey não surtiria tanta indignação se viesse de uma observação isenta, mas o texto já desde o título dita idéias eugênicas (“Em busca da loira perfeita”, como se toda cerveja fosse loura e alguma delas perfeita), e segue num tom abertamente colonizador com o cervejeiro, pretendendo ensinar o repórter a beber, ser homem e assumir o controle. Rechaçamos com veemência esse tipo de postura.


Quem nos lê sabe que a Cervejaria Colorado é brasileira com muito orgulho, e utiliza os melhores ingredientes somados a toda criatividade de profissionais respeitados e premiados no segmento para elaborar seu portifolio. E a Colorado não faz só a Demoiselle, faz vários outros tipos de cerveja usando maltes e lúpulos, é claro, mas também ingredientes tipicamente regionais, como o mel de laranjeira, a mandioca, a rapadura e o café. Isso nos difere das estrangeiras, está fazendo com que nossas vendas aumentem a cada dia, e o mais importante, estamos agradando e construindo o paladar brasileiro para as cervejas premium. Será que é isso que aflige a produção massificada a ponto de ser recebermos comentários nada éticos como o do Sr. Murrey?


OBS. REPASSE ESTA MENSAGEM A TODOS QUE APRECIAM A CERVEJA NACIONAL E O TRABALHO DAS MICROCERVEJARIAS BRASILEIRAS.


Marcelo Carneiro da Rocha

Presidente da Cervejaria Colorado, de Ribeirão Preto / SP – Brasil

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Súper

Dias atrás estava passeando em Porto Alegre, visitando meu irmão, quando ele me convidou para ir ao shopping. Aceitei por educação. Não vejo graça alguma em caminhar por corredores atrolhados de gente, vendo roupas, tv’s, hamburgers e calçados. Pra mim é algo sem sentido, e sem graça também. Se quero comprar algo, vou direto a uma loja que me oferece tal produto, olho, vejo o preço e se me agradar e não for muito caro, compro. E vou embora.

Sei que sou um dos poucos que pensa assim e que não vêem o shopping como um programa de lazer, mas compreendo a atração que estas pessoas têm por um local assim, pois sinto o mesmo por um ambiente se não parecido ao menos com algumas semelhanças: supermercados, ou mais precisamente hipermercados.

Tenho um fascínio por este tipo de estabelecimento. É normal entrar numa loja, quanto maior melhor, e caminhar ao léu pelas gôndolas, ver os azeites, os vinhos, as bolachas. Paro diante da prateleira de erva-mate e olho pacote por pacote, marca por marca, assim como na do arroz, temperos, cereais...

E os queijos? Não vejo o tempo passar diante de camembers, bries, gorgonzolas, parmezões, goudas, grana padanos.

Acredito que este meu gosto seja pelo fato de que me criei freqüentando os pequenos mercados da minha cidade, e para a minha família a oportunidade de fazer compras em estabelecimentos maiores, em cidades também maiores, sempre era aproveitada. E eu me surpreendia com a variedade e quantidade de produto que encontrava nestas lojas, em oposição ao que eu tinha por aqui.

É por isso que na minha época de faculdade, caminhávamos todos os sábados em torno de 15 minutos para irmos até o Zaffari da Ipiranga, meu irmão eu, onde fazíamos nosso rancho. Na volta, percorríamos a Ipiranga carregando inúmeras sacolas plásticas. Isso quando não pegávamos o Ipiranga/PUC e íamos até o Carrefour da Bento.

Tudo mudou, e para melhor, quando o Bourbon Ipiranga foi inaugurado, a 50 metros do ap. Além de não precisarmos mais ver o hospital São Pedro e o Presídio Central da nossa sacada, tínhamos ao lado de casa um hipermercado à disposição, aberto das 8:00 à meia-noite.

Quantas tardes gastei percorrendo aqueles corredores, mesmo sem nada comprar. Era para mim tanto um lazer como uma espécie de terapia.

Na última quinta voltava Olímpico (gosto de dar uma boa caminhada pós-futebol, até o quanto minhas pernas agüentam, normalmente até o apartamento - quero ver como vou manter meu hábito quando a arena for no Humaitá) quando me deparei com o Zaffari Ipiranga, meu companheiro de tantos sábados. Resolvi entrar, como um nostálgico como eu resistiria? Percorri novamente seus corredores, mas infelizmente não tive aquela gostosa sensação de reminiscências, o que me frustrou profundamente. O mercado estava muito alterado desde a última vez que eu o visitara, provavelmente uns 9 anos atrás. Não tive aquela alegre sensação de reencontro, haviam mudado o meu mercado. Saí logo de lá, sem comprar nada, e nem comer uma mísera uva.

Por sorte, as minhas belas lembranças não podem ser alteradas, por mais estranhas que estas sejam.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Ponto Final.

O final de semana foi excelente. Além da oportunidade de reunir toda a família, do aprendizado odontológico e do fato de que a rodada do Brasileirão ter sido favorável ao meu Grêmio, ainda ganhei um presente do meu irmão. Deve ter sido por causa do Dia do Dentista, comemorado sábado, dia 25.

E foi um presente que veio bem a calhar, pois estava na minha lista de compras da Feira do Livro de Porto Alegre: A América aos nossos pés - 25 anos de uma Libertadores de verdade, escrito pelos gremistas Fernando e Eduardo "Peninha" Bueno, com os devidos autógrafos e dedicatórias.

Como já antecipei no FutebolForça.com, ele conta a saga Gremista na Libertadores da América de 1983. Apesar das "reclamações" dos outros livros que estão na cabeceira da minha cama, esperando para serem lidos, este furou a fila e foi devorado no Ouro e Prata que atravessou ao estado na madrugada de ontem.


terça-feira, 21 de outubro de 2008

A internauta siberiana.

Uma das primeiras coisas que fiz após criar este blog foi instalar um contador de acessos. Dia após dia, verificava quantos computadores tinham acessado a página na véspera, além de mim. Assim como o número, podia ver num mapa-mundi de onde eram “as visitas”. Logo nos primeiros dias, quando a média de acessos era de 1 a 2 diários, vi que havia uma bolinha vermelha num local da Sibéria, próximo à fronteira com o Cazaquistão, indicando que entre 1 e 9 pessoas daquela área viram o que eu escrevera.

Mas o que um siberiano faria vendo mais um blog genérico entre milhões de outros, de um idioma que lhe é, teoricamente, estranho?

O mais sensato seria pensar ser alguém do Google responsável por verificar se eu estava cumprindo o termo de compromisso que afirmei ter lido e com ele concordado. Ou alguma brincadeira do contador de acessos, justamente para estimular minha imaginação.

Mas isso não teria muita graça, prefiro me perder nos meus devaneios. Prefiro pensar que foi um internauta, ou melhor, umA internauta russa, que numa noite de solidão em meio ao rigoroso frio siberiano, gastava seu tempo navegando pela internet.

Fico imaginando o semblante triste de Natasha, seus belos olhos azuis ora fitando a neve acumulada na janela, ora a tela de seu computador. O rubor de seu rosto e suas longas tranças loiras refletidos no fundo branco de algum site. Sua mão delicada a guiar o mouse. O que a deixou tão triste? Por que Natasha não sorri? Como ela chegou até mim? Por que busca consolo, ou distração, num blog de alguém distante e incompreensível?

Nunca saberei as respostas. Nem se ela novamente entrou no meu blog, ou se ainda está triste. Pobre Natasha. Talvez ficasse feliz ao saber que fora uma das pioneiras a ver esta página, que ontem atingiu a marca de 1000 acessos.

É evidente que isto me alegra. Afinal, qual blogueiro não quer ser lido. Mas por outro lado, isso me preocupa imensamente. Se antes podia ser mais descompromissado, crítico e preconceituoso, hoje já tenho que me auto-censurar. Não posso mais falar mal de tal candidato a prefeito e tenho até medo de dizer que vou à missa todos os domingo, que sou contra o casamento gay e o aborto, que gosto de Bon Jovi e programas de culinária. A repercussão poderia ser muito negativa.

Estou pensando seriamente em criar um outro blog, algo como ADHD Descontrolado, com acesso estritamente restrito, onde poderia livremente expor meus pensamentos e desabafar, sem me preocupar em ofender, desagradar ou insultar ninguém. Um blog com poucos ou nenhum leitor, talvez no máximo a Natasha. Ela, de algum modo, iria me compreender.

domingo, 19 de outubro de 2008

“O que tu me diz, Germano?”

Vá ao Google e digite uma palavra, uma qualquer. Busque! Verá que existem milhares, quiçá milhões de ocorrências de tal verberte. Isto apenas levando em consideração o mundo virtual (ou até onde os tentáculos do Google alcançam, o que dá no mesmo).

Um dos principais problemas do mundo atual é o excesso de informações. Claro que também tem as guerras, a fome, a poluição, mas não quero escrever sobre isso agora. Aliás, e nem sobre o excesso de informação, isso receberá um texto inédito e exclusivo mais adiante. Estou apenas usando o tema como introdução

Não nos basta apenas termos uma noção dos tantos assuntos que surgem diariamente, temos que ter uma opinião sobre eles. O mundo exige que estejamos a par das eleições americanas, qual a situação do grupo de pessoas mantidas em cativeiro por um maluco num apartamento qualquer, quem é o atual namorado da Grazi, o desenrolar da CPI do momento no Congresso, o novo cd do Skank. E, como já escrevi, não nos basta saber do que se trata, temos que ter uma opinião formada.

E quando é algo que se relaciona com a nossa vida ou profissão, daí não nos basta apenas opinar, temos que ter fortes convicções. O mercado de trabalho nos exige tamanho preparo. Tenho que estar pronto para responder qualquer indagação sobre a nova escova da Oral B e do novo creme dental da Colgate, e não basta argumentar que pasta de dente é quase tudo a mesma coisa, e que os ângulos do cabo e das cerdas não têm tanta relevância numa boa escovação quanto o capricho de quem empunha a escova. Não basta, o paciente quer ouvir que tal escova é melhor, tal creme é melhor e pronto.

E nada pior para um profissional do que demonstrar falta de conhecimento na sua área de atuação.

Passei por esta situação embaraçosa ontem. Duas pessoas me ligaram, pedindo minha opinião, na condição de Cônsul do Grêmio, a respeito das eleições para a presidência do clube. E eu, vergonhosamente, não estava apto para responder o que me fora solicitado. Talvez por conhecer pouco a respeito dos candidatos, ou pelo fato da distância não permitir minha participação no pleito, acontece que não procurei me informar muito sobre tais eleições, apesar de diariamente receber e-mails sobre o assunto, sempre com críticas de um lado a respeito de quem apoiava o outro. E hoje vejo que isso foi um erro. Desapontei duas pessoas que se dignaram a fazer ligações de longa distância, de celular para celular, pois tinham em mente que eu poderia esclarecer suas dúvidas e fornecer-lhes uma opinião abalizada. Afinal, é o que se espera de um cônsul. Mas fui omisso. Ou pior, despreparado. E o mundo de hoje não tolera o despreparo.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Ponto Final.

Mais um livro chega ao fim. Está baixa a minha média de leituras, e pior que confesso que o ócio tem papel crucial nesta estatística. Desta vez foi El Aleph, do grande Jorge Luis Borges. Bom livro, belas histórias, contadas de modo primoroso. Mas esperava mais, talvez por ter criado uma espectativa muito grande após ler Historia universal de la infamia, que assim como o outro foi lido, modéstia à parte, no original. Aliás, é o segundo livro que leio em seqüência na língua de Cervantes. Retornarei ao vernáculo no próximo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Habemus Papam



Quero rezar uma missa na Polônia!”

Vista assim, esta frase não tem muito sentido e muito menos relevância. Mas dita por um Papa, contrariando a autoridade de uma ditadura comunista explicitamente atéia, daí a história já muda.

E como mudou. Uma das primeiras decisões tomadas por Karol Wojtila ao ser escolhido Papa foi que iria celebrar a Eucaristia em sua terra natal, que então estava do outro lado da Cortina de Ferro. Evidente que a primeira reação do Partido deve ter sido de contrariedade, mas não havia como ir contra o desejo de um povo que somente usufruiu de auto-determinação por poucas décadas nos últimos mil anos, e que utilizava a religião como instrumento de unidade, mesmo acossados pelos russos ortodoxos de um lado, e os protestantes da Prússia do outro. Não teve jeito o Papa foi à Polônia, onde foi recebido pelo primeiro-ministro Wojciech Jaruzelski (foto), o títere soviético de então.

Uma vez eu vi num documentário sobre a vida de João Paulo II uma cena onde Jaruzelski discursava diante do Papa. Suas pernas tremiam de modo nítido e constrangedor e ele ainda gaguejava. Também, apesar de ter lido e relido Marx, Engels, Trotsky, Gramsci entre outros, deve ter vindo-lhe à tona toda a formação cristã que recebera em sua casa, no seio da família. Para ele, aquela pessoa a sua frente não era mais um outro Chefe de Estado. Era o sucessor de Pedro, sobre o qual o próprio Cristo edificou a Igreja.

E a “ditadura do proletariado”, que de acordo com Marx seria o destino inevitável de todos os povos, começou a ruir. Dez anos depois o Muro da Vergonha era derrubado.

Hoje faz 30 anos que os cardeais, reunidos em Conclave no Vaticano, escolheram Karol Wojtila para suceder João Paulo I. Um dia para ser lembrado e comemorado.



quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Dificuldades.

Cerveja artesanal - a saga III

Quando iniciei este blog, uma das idéias era relatar minha aventura no mundo das cervejas artesanais, não apenas no âmbito do consumo, mas também da produção.

Conforme o previsto, o projeto demorou, mas mesmo assim não segui o cronograma de textos que tinha imaginado. Já avancei bastante na parte prática, e já vou adiantando que as dificuldades são maiores do que eu imaginei.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Futebol Força.com

Finalmente os amantes do verdadeiro futebol, aquele esporte ríspido, disputado, onde os fortes, valentes e raçudos se sobressaem diante dos sem objetividade e malemolentes, finalmente essas pessoas terão um local exclusivo na internet.



Está no ar o site Futebol Força, onde este humilde signatário está incumbido de colaborar com textos que exaltarão este esporte árduo, repleto de sofrimento, dificuldades e glórias, uma perfeita metáfora da vida.

Como aquele site tenciona ser algo sério, ao contrário deste aqui, totalmente descomprometido, evitarei comentários clubistas, serei obrigado a maneirar nos meus preconceitos e ter um cuidado um pouco maior na elaboração dos textos. Analisando o que já escrevi aqui, pouca coisa se aproveitaria para o novo site. Mas tudo bem, os textos ruins, clubistas e preconceituosos continuarão a ter seu espaço aqui no ADHD Controlado.

Mas Ok, acessem, leiam, comentem, critiquem, divulguem: http://www.futebolforca.com/

Inspiração

É dura a vida de um blogueiro amador. Quem tem um blog deve concordar, as idéias brotam, milhões de temas estão aí prontos para serem blogados, mas na hora de passar tudo isso pro pc... Bate aquele desânimo.

Bem, apesar de concordar, não fui eu que escrevi isso aí. Copiei ipsi literis do blog Porão do Salvador. Mas não pude deixar de citar este texto, com os respectivos créditos ao autor, quando me lembrei de que também passo por essa dificuldade: tenho idéias brilhantes, imagino textos fantásticos, frases de impacto, trocadilhos inteligentes, metáforas incríveis, mas sempre quando estou off-line.

No sábado fui a uma festa. Devo ter “escrito” uns 4 textos, sobre 4 assuntos diferentes no transcorrer da noite. Tenho uma imaginação bastante fértil, e como já estou acompanhado, não preciso ficar caçando, então faço várias análises interessantes. E todos eram ótimos textos, ficariam muito bem aqui no blog. E não me lembro de mais nenhum deles, tirando esparsas idéias.

O escritor Charles Kiefer, patrono da edição deste ano da Feira do Livro de Porto Alegre, disse que sempre que a inspiração lhe bate a porta, encontra-o trabalhando. Isso também acontece bastante comigo, mas enquanto que o trabalho dele é justamente escrever, o meu é corrigir apinhamentos, remover tecido cariado restaurando as estruturas dentárias danificadas, extrair dentes e coisas do tipo. E acredito que não ficaria muito bem se durante um procedimento eu falasse à secretária:

“- Franciele, lembra-me depois de que eu posso escrever sobre a influência da gravata no meu humor, na minha percepção das coisas e na acidez dos meus pensamentos.”

É provável que o paciente possa se sentir incomodado e desprestigiado, podendo até pensar (equivocadamente, diga-se de passagem) que não estou lhe dando a devida atenção e desviando minha concentração em fatos alheios à sua cavidade bucal.

Por isso, meus leitores, não pensem que eu escrevo mal. No momento que eu instalar wireless no meu cérebro, alguns textos bons aparecerão por aqui.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Aguardem

Este texto é absurdamente inútil.

Inútil porque 75% dos meus leitores já sabem do que se trata.

Mas é inútil principalmente porque 50% deles não apenas sabem como também estão trabalhando diretamente no fato em questão.

Mas se eu começar a questionar a utilidade (ou sua falta) dos meus textos, chegarei a ponto de por em dúvida e utilidade do blog em si. E não quero correr este risco.

Mas vamos lá: dentre em breve iniciará uma revolução no modo como o futebol é apresentado na internet: um verdadeiro time está sendo formado para defender (palavra escolhida a dedo) com as travas e os cotovelos o verdadeiro futebol. Sem firulas e sem frescuras, mas sim em sua essência: o futebol força.

Pois como já disse o proto-historiador Eduardo "Peninha" Bueno, "futebol arte é coisa de viado".

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Oktoberfest

Há muitos nordestinos morando na região norte do Brasil: Amazonas, Pará... Por razões econômicas, muitas levas de migrantes adentraram na Floresta Amazônica em busca de uma vida melhor, seja no ciclo da Borracha, seja na época do garimpo, ou por causa da Zona Franca.

E são muitos. Os mais maldosos dizem que no norte tem índio e nordestino. Maledicência...

Mas é normal que um grupo populacional deslocado de sua origem busque preservar sua identidade. E foi o que fizeram os nordestinos do Pará: para manterem viva a lembrança do sertão, eles fundaram um CTG, onde dançam a chula, o pezinho e o vanerão. O CTG de Parauepebas é o ponto de encontro dos nordestinos que moram no Pará, onde eles podem matar a saudade de casa e lembrar dos tempos passados....



Você deve estar achando ridícula e idiota essa história, mas ela existe, somente os nomes dos personagens foram alterados. Mas eu vou revelá-la, mesmo que isso possa custar-me o ostracismo.

Na quinta-feira que vem começa na minha cidade a Oktoberfest-Missões. E não somos os únicos: Igrejinha, Santa Cruz, Santa Rosa e Blumenau, entre outras, também têm seus festejos de outubro, baseados no evento que ocorre anualmente em München, desde 1810.

Existe incongruência nisto? Bem é uma festa alemã, não é?

Não!!!

A Oktoberfest não é uma festa alemã. E quem me disse isso não foi a Wikipedia ou o Google. Quem me disse isso foi o Herr Krause, líder dos intercambistas alemães que visitaram nossa região em maio corrente. Quando mostramos-lhes o nosso parque de exposições, onde é realizada a nossa Oktoberfest, ele não escondeu sua perplexidade. A razão: Oktoberfest é tradição bávara e não alemã.

Mas os bávaros (ou bayern, no original), não são alemães???

São, são mesmo, assim como os gaúchos e os nordestinos são brasileiros.

É muito complicado tentar explicar as diferenças culturais entre os povos que formaram a atual Alemanha, mas posso adiantar que os do sul (bávaros) não gostam nem um pouco dos do norte (prussianos). E vice-e-versa. E razões não faltam: sul católico x norte protestante, sul unido e forte x norte desunido e forte, norte lutando contra Napoleão x sul construindo Neuschwanstein...

Em suma: os do norte não gostam dos do sul. E o contrário também é válido. Como diria a intercambista Janina Hinck “das ist nicht deutsch, das ist bayern” (isto não é alemão, isto é bávaro).

E a Oktoberfest? Bem, é uma festa que surgiu para comemorar o casamento de um príncipe da Baviera, e que hoje ocorre em diversas cidades do sul do Brasil. Há incoerência nisto?

Há! Claro que há!

A Unificação Alemã ocorreu, oficialmente, em 1871. Antes disto não havia uma identidade alemã, diversos reinos, ducados, cidades, principados, cada um com sua identidade e autonomia, formavam os então conhecidos Estados Alemãs. E foi nessa época que muitos buscaram novos horizontes em um continente distante. E partiram, da Saxônia, de Württenberg, de Hessen... houve migrantes da Baviera rumando para a América do Sul? Óbvio que houve, mas foi uma minoria insignificante...

Os alemães, ou seus descendentes, que hoje habitam o sul do Brasil, têm todo o direito de relembrar suas tradições de além-mar. Mas cultuar algo que lhes é estranho??? A Oktoberfest não é alemã, assim como o CTG não é nordestino. Há uma forte incoerência nisto, e a verdade não pode silenciar.

Sei que este blog tem só 4 leitores, e que todos moram em Porto Alegre, ou seja, não haveria tempo hábil para cancelar a festa na minha cidade ou provocar o meu desaparecimento antes da abertura do evento.

Então vou desabafar, mesmo que o meu Rotary Club fature com a venda dos bolinhos de carne que eu faço, mas a Oktoberfest não é coisa nossa, não é algo que veio com os nossos alemães. É bávaro, assim como o Bayern München e a Hoffbräuhaus.

E é errado que nós a comemoremos?

É e não é.

É porque é algo “importado”, nada a ver conosco (ou com nossos antepassados).

E não é porque que é algo que já possa ser considerado como uma tradição nossa. E porque é um alento financeiro imprescindível. No ano passado, nosso Rotary Club lucrou uns bons trocados com a venda dos meus bolinhos de carne. A primeira Oktober brasileira surgiu para reconstruir a Blumenau que fora arrasada pelas lamacentas águas do Itajaí-açu. E foi algo que deu certo.

Ou seja, este é um desabafo, mas peço a solidariedade dos meus leitores para que não me delatem e permitam que tais festas continuem a serem realizadas.

Tanto porque eu me divirto um bocado nelas.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Motorista

Vou ter que ir domingo para Porto Alegre. Não queria, não mesmo, mas tenho que ir. E ainda por cima não poderei dirigir (sou um cidadão que respeita as leis). Então, terei que conseguir alguém para guiar meu carro para mim.

Tenho dois conhecidos que se prontificaram a ir. Nenhum me agrada muito, mas como tenho que ir deverei escolher um dos dois. Para mim não importa qual, os dois me levarão ao meu destino, no mesmo tempo, com o mesmo custo. A única diferença é que um gosta de parar no Italian's, em Soledade, e o outro numa padaria em Espumoso.

Bem, no dia escolho um deles...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

As minhas (quase) 10 cenas mais marcantes da história do cinema.

Não sou muito apegado a listas, sempre acabo me esquecendo de alguém ou de algo quando já é tarde, mas tudo bem. O Guilherme “Amargo”, companheiro de blog da FAECV, expôs a sua com “As minhas (no caso, suas) 10 cenas mais marcantes da história do cinema.” , e desafiou-nos a fazermos as nossas. Rabisquei a minha no Jardim Ipê, indo para o meu curso. Hoje, transcrevo-a na íntegra. É nítido o meu pouco conhecimento sobre o tema, tanto por não ter conseguido atingir o número de dez cenas, quanto pelo fato de que 50% delas são de um mesmo diretor. Se já é difícil para mim escrever sobre temas sobre os quais tenho conhecimentos razoáveis, imaginem versar sobre algo com o qual tenho pouca afinidade, como é o caso da sétima arte. Mas vamos lá:

8 – Tom Cruise, vendo Nicole Kidman dormindo em “De olhos bem fechados”
Ele tinha certeza que ela o traíra. Tentou se vingar, mas não conseguiu. Mesmo com tudo isso, ele não consegue ter raiva dela, olhando para aquele rosto angelical. Retrato fiel da fraqueza de um homem diante da mulher amada.

7- Kevin Spacey, com um porta-retratos nas mãos, em “Beleza Americana”, dando-se por conta de que é feliz, antes de levar um tiro na nuca.
Impressiona-me sua expressão de alegria e de satisfação. Pouco importa o desfecho, ele morre realizado.

6- A corrida de bigas, em Ben-hur.
Uma cena épica, memorável, numa época em que efeitos especiais eram coisas inimagináveis. Hoje em dia uma cena dessas passaria batida, mas naquela época...

5- O primata detonando tudo com um osso, em “2001 - uma Odisséia no Espaço”.
O homem, ou seu ancestral, descobre o poder das armas e sua importância para subjugar os outros. Uma aula de antropologia.

4- Massimo Troisi declara seu amor à sua musa, em “O Carteiro e o Poeta”.
É um alento para os tímidos e introvertidos ver o carteiro vencendo sua introspecção e conquista o coração da amada.

3- os companheiros de Kirk Douglas não deixam que ele se entregue para ser morto pelos romanos, em “Spartacus”.
Com a revolta dos escravos controlada pelos romanos, estes agora querem identificar e punir seu líder. Caso contrário, todos serão crucificados. Mas quando Spartacus vai se entregar, seu companheiro do lado brada “I’m Spartacus”, seguido de outro e mais outros, não deixando que os romanos descobrissem seu líder. Companheirismo e lealdade no nível máximo, raro de se encontrar hoje em dia.

2- Adrien Brody, escondido em um apartamento, desliza os dedos sobre o teclado de um piano, em “O Pianista”.
Escondido em um apartamento em Varsóvia, o músico depara-se com um piano, e toca uma música imaginária, passando os dedos a uma distância segura das teclas. Ao mesmo tempo tem um piano a disposição, mas não pode tocá-lo.

1- Malcolm McDowell “diverte-se” com duas mulheres ao som de “Wilhelm Tell”, em “Laranja Mecânica”.
Nunca uma trilha sonora combinou tão bem com uma cena.


E já deixo avisado que os próximos "memes" a respeito de cinema, botânica, fisiculturismo ou os que exija bom conhecimento da língua inglesa poderão demorar (e muito) para serem respondidos. Peço a compreensão de todos.
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