A frase é do mestre Millôr Fernandes: “Uma imagem vale mais do que mil palavras. Agora tente dizer isso com uma imagem”.
Lembrei-me dela hoje pela manhã, quando estava cumprindo meu dever mensal de abrir e cuidar do Museu 25 de Julho, na minha Cerro Largo, tarefa esta que executo um domingo de manhã em cada mês, na condição de secretário do Centro Cultural 25 de Julho, entidade mantenedora do museu.
Como o fluxo de visitantes hoje estava meio baixo, aproveitei para usufruir da riqueza cultural que o acervo do museu oferece ao seu público. Comecei a folhear edições antigas do jornal Folha da Produção, especialmente do ano de 1982, buscando informações adicionais a respeito da conquista do Campeonato Estadual de Futebol Amador daquela ano, vencido pelo Aurora de Cerro Largo, e sobre o que escrevi neste último sábado no FutebolForça.com.
Mas o que realmente me chamou a atenção foram as diferenças entre os jornais locais daquela época para com o que temos hoje: é gritante a maior ênfase dada na atualidade ao aspecto visual, principalmente em relação aos fotografias, em detrimento ao conteúdo escrito.
É inegável que a enorme facilidade que temos na atualidade para capturar, editar e publicar imagens fotográficas contribui para esta significativa mudança, além do quê, uma reportagem ilustrada pode ser muito mais elucidativa, esclarecedora, didática e visualmente agradável. Mas a imagem devem ser um complemento ao conteúdo, e não a matéria por si só.
As edições de 20 e poucos anos atrás eram ricas em matérias, comentários e informações. Nomes de peso na cultura cerrolarguense, com Dr. Marcelino Kuntz, Almiro Spies, Pe. Roque Schneider, SJ, Max Dewes eram presença constante com belos e elaborados textos. Nas edições atuais dos dois jornais aqui da cidade, além do conteúdo informativo, ficamos sabendo quem estava em determidado baile e como foi a festa de aniversário de fulana, ou o chá de fralda de cicrana. Há muito menos conteúdo escrito do que há anos atrás, e eu não acredito que hoje haja menos assuntos para serem tratados ou noticiados do que naquela época.
Mas se a tendência é esta, os prováveis culpados são mais os próprios leitores do que a imprensa em si, pois esta tão somente age do modo a agradar os seus leitores, se é que ainda merecem serem chamados assim. Penso que definitivamente a alcunha que nossa cidade recebera de Berço Regional da Cultura perde cada dia mais a sua validade.
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