O Alex compilou 111 Discos Para Ouvir Antes de Morrer, e intimou sua blogosfera a fazer o mesmo.
De maneira alguma eu teria como fazê-lo. E os motivos são muitos: primeiro, a minha relação com a música parece ser bastante distanta da que o Alex tem: gosto, ouço muito, sou até bastante chato e criterioso para com o que escuto, mas tenho a impressão de que o meu amigo trata o assunto com muito mais devoção, quiçá profissionalismo.
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Sempre quis escrever "quiçá".
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Sendo assim, seria muito mais difícil para mim elaborar tão grandiosa lista.
Outro motivo é bastante regional, e hoje não tem valor algum, mas há uns 18 anos, quando comecei a me inteirar pelo assunto Música, vocês têm noção de quanto tempo demorava para que as "novidades" chegassem aqui no interior? Isso quando chegavam. A rádio AM da cidade, assim como todas da região, tinham uma programação musical bastante, digamos, conservadora. As FM's de Santo Ângelo, que eu conseguia sintonizar, também não eram grandes referências (as de Santa Rosa então, melhor nem comentar). Então nos inteirávamos das novidades do mercado fonográfico através daquilo que viesse de fora, seja por alguém que tivesse um irmão estudando em Santa Maria, seja por alguém com mais recursos e contatos, e que conseguisse comprar alguns LP's. Mas normalmente era através de fitas K7 mesmo, em sua grande maioria coletâneas ao invés do álbum inteiro, o que fez com que eu demorasse muito para compreender o valor de um álbum em relação a um único hit, e acabávamos não associando a música ao álbum. Durante muitos anos, tanto pela comodidade quanto até pela própria dificuldade em se ter acesso a estes álbuns, dava muito mais valor às coletâneas e a alguns trabalhos ao vivo, porque era um modo fácil e barato de se conhecer o "melhor" de cada banda. Somente depois de muitos anos é que pude ouvir alguns álbuns clássicos na íntegra, e apesar de conterem músicas que marcaram minha vida, quando os ouvi já não exerceram tanta influência em mim em relação do que poderia ter acontecido se tivesse conhecido-os em outras épocas.
Por fim, daria uma trabalheira do cão listar 111 álbuns. De momento citarei 10 que, superando as dificuldades comentadas acima, conseguiram ser importantes para mim. Não significa que eu considere esses os melhores trabalhos de cada artista, mas sim os que me marcaram:
Engenheiros do Hawaii - O Papa é Pop (Brasil, 1990)
Já falei sobre ele aqui no ADHD. Não é um primor de álbum, mas suas músicas foram as primeiras das quais gostei após me dar por conta (ou pensar) que tinha saído da infância.
Guns N' Roses - Appetite for Destruction (Eua, 1987)
A primeira fita que eu comprei no camelô. Sweet Child O'Mine foi a primeira música que me fez tocar uma guitarra imaginária. Abriu minhas portas para o Rock n' Roll.
Iron Maiden - Fear of the Dark (Inglaterra, 1992)
O álbum que me apresentou a uma das minhas bandas preferidas (com um bom atraso, diga-se de passagem). Mas ainda não estava preparado para conhecer melhor o Iron, tanto que minhas preferidas eram as "baladas" Fear of the Dark e Wasting Love.
Luiz Marenco - Luiz Marenco canta Noel Guarany (Rio Grande do Sul, 1996)
Fez com que eu descobrisse que a música gaúcha ainda tinha força e talento para mostrar. Parabéns Marenco.
Metallica - Metallica (Eua, 1991)
Outro álbum chave, que abriu meus horizontes. Assim como no caso do Maiden, minhas preferidas eram as "calminhas" The Unforgiven e Nothing Else Matters, mas gostava de praticamente de todas as músicas. O mais estranho é que quando ouvi os discos anteriores da banda, como meu critério de comparação era o álbum Metallica (não é racismo, mas não gosto de chamá-lo de black), acabei não gostando do que escutara. Sorte que o tempo é o senhor da razão e hoje entendo o porquê do ódio dos fãs para com este álbum.
Nirvana - Nevermind (Eua, 1991)
Não há muito mais o que escrever sobre este divisor de águas. Clássico como poucos conseguiram ser.
Noel Guarany - ...sem fronteira (Rio Grande do Sul, 1975)
Um achado na pequena coleção de discos do meu pai. O melhor cantor deste país chamado Rio Grande do Sul, em plena forma. Cada vez que eu escuto este disco, gosto mais dele.
Pink Floyd - Dark Side of the Moon (Inglaterra, 1973)
Ganhei de presente, no Natal de 1995, da família onde eu estava hospedado na Alemanha, pois um dos únicos discos que eles tinham que eu ouvia era o The Division Bell. Demorei muito para gostar do presente, somente tempos depois fui apreciar, ou melhor, entender o Dark Side... Mas Pink Floyd é assim.
Red Hot Chilli Peppers - Californication (Eua, 1999)
É um disco muito bom, muito além das músicas de trabalho, e aindo o escuto. Mas só está aqui por ter sido o último CD original que eu comprei. Marcou o fim de uma era.
The Ramones - Loco Live (Eua, 1991)
(Este 1991 foi célebre para a música). Não poderia deixar de citar Ramones, ainda mais pelo fato de ser um álbum tão marcante, apesar de ser um disco ao vivo, mas por muitos anos foi tão somente o que eu conhecia da banda.
Talvez um dia faça uma lista dos meus álbuns preferidos, pois inclusive foi isto que o Alex pediu, e não o que acabei de fazer.
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