Cena 2: domingo à noite, o Capitão pergunta ao palhaço Serelepe se estava tudo bem. O astro do espetáculo, num daqueles improvisos que apenas os mestres das artes cênicas podem e conseguem interpor, alfineta a plateia: “bom nada, estaria bom se tivesse mais gente”.
Domingo não passa novela, ao menos que eu saiba, mas existe algo tão ruim quanto que atende pelo nome de Fantástico, e que só serve para duas coisas: ver/admirar a Patrícia Poeta e fazer aquela piadinha tão infame como engraçada: “viu o fantástico domingo?”.
Claro que existe uma penca de outros programas, mas a grande maioria do mesmo (baixo) nível da atração global, quando não uma cópia barata, como é o caso da TV da igreja universal. E posso até apostar que a menininha do primeiro parágrafo estava em frente à TV na hora em que o palhaço proferiu seu irônico comentário.
Este é um desabafo não apenas contra a má qualidade da programação da TV, ou contra o péssimo hábito da população em geral em restringir seu tempo livre ao que os canais de TV oferecem. Este é mais um desabafo contra a população de muitas cidades do interior que não prestigiam as raras oportunidades que temos à disposição para preencher o vazio cultural ao qual estamos condenados. Uma companhia de teatro, que apresenta diariamente excelentes espetáculos, muito bem encenados, extremamente engraçados e a um preço simbólico, míseros R$ 6,00, ainda assim é pouco prestigiada. Meu Deus do céu, não consigo entender uma coisa dessas.
O Teatro de Lona Serelepe é uma trupe mambembe que percorre as cidades apresentando diversas peças, ficando em um local até saturar, ou perceberem que não há mais motivos para ali permanecerem. As peças se resumem a histórias onde um dos personagens é o divertido e esperto Serelepe, que rouba a cena com seus comentários e suas interpretações.
Existe pouca coisa na televisão que consiga rivalizar com o humor espontâneo de um palhaço como o Serelepe, seja nas massantes séries norte-americanas, seja num previsível Casseta & Planeta, seja entre os fracassados humorista que compõem o elenco de Zorra Total.
Espero que comentários favoráveis daqueles poucos que tiver o prazer de assitir às peças tenham a persuasão de reverter este quadro, e que sejamos contemplados com mais atrações como estas.
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ResponderExcluirTirando programações que envolvem coisas como cinema e futebol, eu sempre acho que o interior proporciona atividades mais interessantes que as grandes cidades. Só depende das pessoas.
ResponderExcluirMas é comum ouvir que no interior nunca tem nada para se fazer.
ResponderExcluirSim! Assim como as pessoas reclamam que o domingo é ruim porque não há nada para fazer! É muito triste, mas as pessoas não conhecem a si mesmas para saber o que é bom para elas, assim como ignoram a beleza de práticas comuns como uma caminhada no interior ou a leitura de um livro.
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