terça-feira, 19 de maio de 2009

Degustando um mate.

Este é um texto histórico.

Sim senhor. Todos devem ter lido/visto/ouvido algo sobre degustação de vinhos, com todo o vocabulário peculiar adjacente: taninos, frutas vermelhas, baunilha, tabaco, bouquet, etc. E muitos já devem também estar a par desta mesma situação envolvendo cervejas, onde os bebedores, tal qual fazem os (muitas vezes pseudo-)enólogos, levantam seus copos/taças, apreciam a cor, a translucidez, sentem os aromas e os sabores, dissecando-os: lúpulo, cevada, álcool, café, chocolate, banana, o famigerado diacetil, dentre tantos, perceptíveis ou não.

Agora, alguém já ficou sabendo de alguma degustação de erva-mate?

Seguindo a lógica internética, procurei no Google pelas expressões "degustação de mate", "degustação de chimarrão" e "degustación de mate", sem sucesso algum. Ou seja, se não tá no Google, não existe!

Encontrei referências a provas da bebida, normalmente em ervateiras, mas no intuito de mostrar o produto a possíveis compradores. Mas um teste, comparando mais tipos de Ilex paraguariensis, ah, isto certamente é novidade. E que o Guilherme não venha contestar novamente.

Em recente viagem de férias ao Chile, adquiri um pacote com três variedades da erva-mate argentina La Merced, a saber: de campo, barbacuá e de monte.


Preparei três mates, cada um com uma variedade da erva. E intercalei sorvos do amargo com água e pão, tal qual reza a cartilha de um bom degustador, para "limpar" as papilas gustativas. Como resultado, consegui perceber significativas diferenças. Bem, confesso que não achei tão significativas assim, mas percebi que a de Campo era mais suave, na Barbacuá percebia-se um leve toque de defumado (devido ao seu modo característico de preparo) e na de Monte o sabor era mais "forte", mais amargo. Mas nada de novidade que não constasse no verso dos pacotes.


Ou seja, a degustação foi fortemente direcionada pelas informações disponibilizadas pelo fabricante, além de não ter sido feito às cegas. Mas nada, absolutamente nada tira o aspecto histórico disto que agora relatei.

É bom saber, ou melhor, se dar conta de que o universo da erva-mate é muito mais amplo do que as expressões pura folha, moída grossa, nativa, suave (leia-se "com açúcar") encontradas nas prateleiras dos mercados nos levam a crer, isso sem citar os tais chazinhos hoje tão comuns. Características como solo, quantidade de sol a que os ervais são submetidos, modo de preparo e maturação, dentre outros determinam características peculiares de cada erva. Ou seja: o seu chimarrão de cada manhã tem terroir.

Pense nisso nos momentos de reflexão que o ato de tomar seu amargo lhe porporciona.

Ah, e minha degustação não parou por aí: os observadores mais atentos devem ter percebido na primeira foto um pacote também inusitado, que inclusive preenche a cuia do mate que tomo neste momento. Mas isto já é assunto para outro texto.

4 comentários:

  1. Que bonitas essas embalagens da La Merced... queria provar uns mates gringos, mas sou fiel à Madrugada.

    ResponderExcluir
  2. Taí uma faceta que as produtoras de erva deviam explorar. E as diferenças são marcantes, mesmo entre marcas vagabundas.

    Minha preferência até nem tem tanto a ver com o sabor, mas nossas ervas têm andado cada vez mais "finas". Tem que cevar um tempão para que não entupam. E mate entupido é como Coca sem gás ou cerveja quente.

    ResponderExcluir
  3. Por causa desta característa de certas ervas de serem muito finas, escolho sempre as "moída grossa", especialmente a Madrugada e a Barão.

    Já com as castelhanas, por utilizarem um processo distinto de preparo, nunca entopem.

    ResponderExcluir
  4. Madrugada Moída Grossa é a campeã.

    ResponderExcluir

Related Posts with Thumbnails