quinta-feira, 24 de julho de 2008

Ponto Final.

Aí vão duas dicas:

A primeira, é pra quem tem pouco tempo para ler: existe uma infinidade de livros com textos curtos, que podem ser lidos vagarosamente, sem a necessidade de muito tempo ou concentração.

A segunda: os famosos e hoje em baixa saldões da Feira do Livro de Porto Alegre. Sempre se encontra algo por lá bom, bonito e barato. Apesar de ser esta uma tarefa cada vez mais difícil.

Na última feira encontrei o primeiro volume de um tal de Rio Grande do Sul, um século de História, série de textos breves que serviram de base para uma série da RBS, e que fora organizado por Carlos Urbim. Uni meu gosto por história com a falta de tempo para uma leitura mais aprofundada.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

El niño carbonero.

Sempre que eu tento falar em espanhol, aumentam as restrições à entrada de brasileiros na Espanha.

Mas mesmo assim eu insisto, e não perco uma oportunidade de praticar. Por exemplo: enquanto todo mundo vai para Rivera comprar perfume, whisky e condicionadores de ar split, eu vou para comer parrillada e hablar en español.

Na última vez que estive por lá, resolvi puxar conversa com um menino que servia as mesas do restaurante onde eu almoçava. Perguntei-lhe:


- ¿Es hincha de bolso?
- No, soy carbonero.
- ¿Pero que se passa com Manya que no gana mas nada?


O menino baixou a cabeça. Bem, somente agora que me dou por conta que esta reação pode ter sido apenas por compaixão de um turista metido a besta, tentando inutilmente falar em espanhol. Mas se esta hipótese for verdade, o resto da história não terá a mínima graça nem o menor sentido. Vamos esquecê-la.

Voltando ao assunto, o menino baixou a cabeça. Coitado, tão novo e já sendo alvo de chacota. Imagina o que seus amigos torcedores do Nacional não lhe dizem.

Tenho pena do Peñarol. É um time que eu aprendi a admirar e a respeitar. Conquistou 5 Libertadores, 3 títulos mundiais, 48 nacionais, mas atravessa a maior crise da sua história. Apesar de dividir a hegemonia uruguaia com o Nacional, não participa da Libertadores desde 2005, e não levanta a taça desde 1987. Seu último título uruguaio foi em 2003. A crise econômica do país, problemas administrativos e empresários inescrupulosos afundaram o time, que viu compatriotas como Defensor, Danubio, Rocha e Wanderers disputando a taça que sempre almejou.

Confesso que fiquei com pena do guri. Não deve ser fácil ver o grande Peñarol ser um mero coadjuvante em seu próprio país.

Mas hoje o niño carbonero deve estar distribuindo sorrisos entre uma Norteña e outra que serve. Seu Peñarol conquistou uma vaga para a Libertadores 2009. É verdade que foi bastante complicado, e que terá que disputar a seletiva. Pode ser até que o time seja um saco de pancadas do certame, sendo eliminado por algum time venezuelano. Mas não importa. É sempre bom ver times como o Peñarol disputando a Taça.

domingo, 20 de julho de 2008

Vovô

Na minha infância, o dia das crianças sempre foi uma data especial. Exceto em 1985. Logo cedo, fomos informados que nossa vó paterna havia falecido, e que estávamos indo para Butiá, para o enterro. O meu irmão e eu até ganhamos os costumeiros presentes, só que rapidamente, sem cerimônia alguma. Lembro-me de que havia um avião em miniatura. Eu tinha apenas 6 anos na época, não entendia muita coisa.

Na quarta passada, apresentei minha monografia, com a qual fui aprovado com conceito A, obtendo o título de Especialista em Ortodontia. A noite foi de festa e comemoração. No final da madrugada, fui acordado com a notícia que o meu vô materno falecera.

Apesar de ser relativamente novo, já me pergunto se até que ponto vale a pena a pessoa se matar trabalhando, em detrimento daquilo que realmente lhe é importante. Tenho dado excessivo valor à minha atividade profissional mas deixado em segundo plano coisas das quais eu gosto e pessoas que amo. Com este pensamento, fui visitar meus avós na semana retrasada, pois a vovó não estava muito bem. Aproveitei para ficar um pouco com o vovô. Essa história foi uma das primeiras coisas que lembrei após receber a notícia, e o meu grande conforto.


Fica com Deus, vovô.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

As últimas da terra da garoa

De todos os estrangeiros com os quais conversei, nenhum conhecia São Paulo além do aeroporto de Guarulhos.

Mas também: o que poderia um estrangeiro fazer nesta cidade? Díficil de responder. Uma cidade cujo segundo evento que atrai mais público é uma parada gay não pode ser tão convidativa (ao menos para aqueles que sexualmente pensam como eu).

Existem dois exclusivos motivos para ir a São Paulo: estudar ou bu$ine$$. Se você não quer aprimorar seus conhecimentos acadêmicos, ou fazer transações comerciais, não venha até aqui.

Eu vim. Mas quero deixar bem claro que sou heterosexual convicto e que estou aqui para fazer a minha pós-graduação. Aliás, depois de três longos anos, estou finalizando meu curso. Na próxima quarta-feira apresento minha monografia, e como confio no meu taco, sei que serei aprovado.

Não sei quando voltarei novamente para esta cidade. Como já frisei, não há atrativos que mereçam uma visita exclusiva. A cidade até tem alguns lugares interessante que merecem uma visita, mas somente se vocês já estiver por aqui.

Vou tentar fazer um resumo das (poucas) coisas legais que podem ser vistas/visitadas na terra da garoa. Temo que não tenha assunto para muitos textos.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

São Bento


Hoje, 11 de julho, é o dia de São Bento de Núrcia, padroeiro da Europa e fundador da Ordem Beneditina, dos monges beneditinos.

Os Mosteiro de São Bento é um dos meus lugares preferidos na capital paulista. Em meio ao caos, ao barulho e a sujeira, um lugar belo, cheio de paz e silêncio.

Tempos atrás eu não compreendia como pessoas podiam ficar a vida inteira enclausurados em um mosteiro, apenas rezando e trabalhando (ora et labora) . Quão idiota e materialista eu era.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Perdão

Confesso que tenho sido relapso e não tenho atualizado o blog. Mas tenho uma boa desculpa (aliás, tenho usado esta mesma desculpa para todas as minhas procrastinações): julho é o mês derradeiro da minha pós-graduação, e na semana que vem, na minha última ida a São Paulo após 3 longos anos, apresentarei meu trabalho de conclusão.

E também tenho procurado ser um pouco seletivo com o que escrevo aqui. Se vocês têm lido muita porcaria, imaginem o que eu decidi não publicar.

Bem, espero que no final do mês eu seja mais assíduo aqui.

domingo, 6 de julho de 2008

Futebol de novo não, pô...

Eu iria escrever sobre a derrota do Grêmio perante o botafogo, sua inoperância ofensiva, suas deficiências técnicas, o retorno à realidade, a mediocridade de alguns jogadores, a crescente distância do líder do campeonato, enfim...

Esse foi mais um jogos desses tantos que não valem nada neste campeonato interminável, mas que no fim acabam fazendo a diferença.

Mas estou escrevendo muito sobre futebol neste espaço. Prometo que assim que concluir minha pós-graduação, irei expandir a gama de assuntos, não me restringindo apenas ao afamado esporte bretão.

Al Jazeera Football League

Anos atrás, a extinta rede Manchete passou a transmitir jogos da J-League, quando decadentes brasileiros foram ensinar os japas a jogar futebol, como Zico, Júnior, Alcindo.

Não me espantaria se alguma Rede TV da vida começasse a transmitir alguma liga árabe.

sábado, 5 de julho de 2008

Roger: vá se Catar

Ontem fiquei sabendo, com muita surpresa, que o Grêmio está perdendo o seu jogador mais talentoso: o meia Roger recebeu uma proposta de algum xeique do Catar, para jogar em seu time. Bem, em uma época em que o barril de petróleo chega à casa dos US$ 160,00, esses árabes têm que encontrar alguma forma de gastar seu dinheiro além de montarem haréns e financiarem o terrorismo.

Assim como os colorados perderam o Fernandão e perderão o Guiñazu, o Grêmio não tem condições de pagar os valores oferecidos pelos árabes. Para um jogador de futebol que já chegou aos 30 anos, nada mais certo do que ir em busca de uma boa grana. O grande problema foi o modo como ele nos abandonou. Semanas atrás, o jogador fazias juras de amor ao clube, manifestava seu desejo de renovar seu contrato, de se aposentar no Grêmio.

Como somos ingênuos. Num tempo em que o futebol é algo extremamente profissional, perdemos nosso tempo e nos iludimos por achar confundir jogadores com torcedores.

É uma pena. Num momento em que o Grêmio ia bem no Brasileirão, em que até almejava a luta pelo título, vê-se privado do seu principal jogador, o único diferenciado do elenco. Não será fácil. Mas vamos lá, bola pra frente. Não foi o primeiro e não será o último.

Vão ficar apenas as lembranças. Dos 10 gols marcados por ele pelo Grêmio, tive o privilégio de assistir a 7 ao vivo. Não vou me esquecer tão fácil de momentos como este:

quarta-feira, 2 de julho de 2008

LDU campeã


Simon Bolivar deve estar dando risada. O troféu que, entre outros, o homenageia, não irá para o timezinho das Laranjeiras, firulento, sem tradição, com torcida coneteira, indigno desta tão nobre taça. Parabéns aos equatorianos da LDU pela conquista da Taça Libertadores 2008.

Renan - o Sessa colorado

O lance polêmico protagonizado pelo goleiro Renan no Grenal de domingo me fez lembrar do goleiro argentino Gastón Sessa, do Vélez Sársfield.

Renan:



Sessa:



E antes de que eu me esqueça: muito obrigado, Renan.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Lei Seca

Este texto circula na internet, e é de susposta autoria de Josimar Melo, jornalista e crítico de gastronomia da Folha de São Paulo.

"
A lei seca diz respeito à comportamento social e a mudança de hábitos e constumes e, é importante, concordando ou não, ver uma visão diferente do apresentado governo através dos seus meios.

Lei seca é elitista, reacionária e semeia a corrupção
Mais uma estupidez assola o Brasil, esta lei seca disfarçada em medida moralizadora. A moral dos reacionários e dos xiitas, que só vai levar mais água (sem álcool) para o moinho da pequena corrupção do dia-a-dia.

Qual o espírito da lei? O de punir os bêbados no volante, gente irresponsável e criminosa que merece mesmo o fogo (não o da bebedeira, mas o do inferno)? Não, esse não é o espírito dessa nova lei, pois esse espírito já existia na antiga lei: o Brasil já tinha leis que coibiam bêbados no volante -- puniam motoristas que tivessem mais do que 6 dg de álcool por litro de sangue. Para se ter uma idéia, isso já era mais rigoroso do que os limites em vigor em países como Canadá e Estados Unidos (que permitem até 8 dg por litro).

Qual era a diferença entre, por exemplo, o Brasil e os Estados Unidos? A diferença era que lá a quantidade de álcool permitida era maior (e não suficiente para embebedar ninguém), mas a fiscalização era, e é, séria. Mesmo podendo ter 8 dg de álcool por litro de sangue, os norte-americanos são muito cuidadosos com suas taças de vinho se vão dirigir, pois sabem que podem ir para a cadeia mesmo.

O que fizeram os moralistas do Brasil? Nossa taxa permitida já era menor do que a americana; o que faltava era simplesmente aplicar a lei -- fiscalizar e punir. Ah, as punições eram mais brandas; concordo plenamente em que fossem aumentadas, como agora. Mas não: no lugar de fiscalizar e punir, o governo (com uma base parlamentar para isso) preferiu tornar o país mais xiita e corrupto, colocando um limite de álcool que equivale, na prática, a proibir qualquer consumo de bebida alcoólica para quem vai dirigir.

Quais as consequências disso?

1 - A primeira, se a coisa pegar, é atacar uma tradição cultural atávica da humanidade -- a de beber socialmente, confraternizar com a bebida. Tradição que data da remota antiguidade, presente nas festas das colheitas, nas celebrações religiosas, nas comemorações das conquistas. A depender da lei, um jantar de vários casais na casa de amigos ou num restaurante fará com que metade dos presentes fique na Coca-Cola, destruindo seu prazer gastronômico e o clima de compadrio. E impondo o rigor disciplinar, a sobriedade careta, que religiões e moralistas de vários matizes adoraram ter como regra para uma humanidade disciplinada e domesticada.

2 - A segunda, se a coisa pegar, é inserir uma clivagem separando ainda mais os mais ricos dos demais. A lei poderá ser seguida por quem tem dinheiro para sempre pagar taxi e motorista particular -- ou seja, o prazer de beber em condições normais, fora de casa, será preservado para esta elite. O resto, que não tiver dinheiro para vários taxis semanais, e na inexistência de verdadeiro transporte público, terá que agir como pária, transgredindo sistematicamente a lei.

3 - A terceira é que, mais provavelmente, nossa lei seca terá efeito parecido ao de sua antecessora nos Estados Unidos: o incentivo ao crime e à corrupção. Ali, nos anos 20 do século passado (1919 a 1933), a bebida alcoólica foi proibida. Sendo o consumo do álcool um hábito cultural arraigado, obviamente as pessoas continuaram a beber -- mas foram obrigadas a fazê-lo fora da lei. Para beber, precisavam pagar para as quadrilhas que dominavam o tráfico. Estas ficaram ricas e poderosas, e a corrupção e a criminalidade milionária medraram como nunca. No Brasil a proibição é mais localizada, não deve chegar à criação de quadrilhas como as de lá, mas considerando nossas tradições, dá para prever que a corrupção é quem vai sair ganhando. Enquanto fazem estas iniciais blitze cinematográficas, vai ser difícil ver casos de policiais se corrompendo. Mas no dia-a-dia daqui pra frente, quando um guarda parar um cidadão que está guiando normalmente, está sóbrio, mas saiu de um restaurante, o bafômetro pode muito bem ser acionado. E é bem provável que o cidadão que tomou duas taças de vinho com a comida, para não ir para a cadeia, resolva pagar ali mesmo os R$ 1.000 que terá que pagar de qualquer jeito se for para a cadeia. Uma propina bem atraente.

Quanta estupidez! É óbvio que os tantos casos de matança provocada por bêbados no volante foram perpetrados por gente realmente bêbada -- com muito mais do que os 8 dg/litro de álcool tolerados nos Estados Unidos. É sobre os bêbados no volante que deveria se voltar a fiscalização. O novo limite imposto no Brasil é na verdade um ataque disfarçado ao consumo puro e simples de bebidas alcoólicas -- medida de muito gosto para xiitas religiosos de várias facções, e moralistas políticos de todas as colorações. Assim caminha, para trás, a humanidade."

Grenal

Ouvi muita gente dizendo que o Grenal foi ruim. Nada mais incoerente. Grenal só é ruim em duas oportunidades: quando não é realizado (como no Gauchão de 2007, quando o inter foi eliminado precocemente pelo Veranópolis), ou quando eu perco (como..., deixa eu lembrar... bah, nem me lembro mais do último).

Se antes do jogo alguém dissesse que o jogo terminaria assim, Gremistas ficariam decepcionados e colorados satisfeitos, mas diante das circunstâncias do jogo, deu-se o contrário, pois evitamos uma derrota que se encaminhava como certa e nos mantivemos na segunda colocação, e o inter deixou escapar uma vitória e subiu apenas uma posição na tabela.

O inter jogou melhor, tanto no primeiro quanto no segundo tempo, e se houve impedimento no primeiro gol, (pra mim, o Nilmar nem participou do lance, a bola mal e mal raspou nele), o inter tinha qualidade para fazer outro se fosse o caso. Méritos do treinador, que postou bem o time, do Nilmar, que resolveu jogar, e desse tal de Taison, que foi bem.

Já o Grêmio evidenciou suas carências no setor ofensivo, a importância do Rafael Carioca e sua capacidade de superação.

Alguns disseram que o inter deu um nó tático no Grêmio. Bem, nesse caso o mérito final é nosso, pois apesar disso conseguimos o empate.


Se bem que essa história de nó tático não significa muita coisa, pois nos critérios de desempate tem o mesmo valor do que o número de cachorros quentes vendidos no estádio.

Related Posts with Thumbnails