quinta-feira, 6 de outubro de 2011

iGermano

Apesar de oficialmente ainda estarmos no inverno, aquele foi um dia com temperaturas bantante agradáveis. Eu estava num subúrbio de Bremen, na casa do responsável pelo intercâmbio que me levara à Alemanha, mas não me recordo o que eu fazia por lá. Além das condições climáticas, a única imagem que ainda trago daquele dia foi a do computador que o filho dele estava usando...

Era um Macintoch, parecido com este abaixo:


Foi um momento mágico para mim. Naqueles últimos anos do século passado, informática somente era do interesse de loucos ou nerds (eu me enquadrava mais no segundo grupo) e o modo mais acessível de se ter um computador era comprando um montado com peças feitas em Taiwan, via Paraguai (parece irreal, mas essas coisas ainda não vinham da China continental). E não era barato, exceto se comparado com os computadores comprados legalmente no Brasil.
E se já éramos um grupo restrito havia um mais seleto ainda, formado por aqueles que usavam Macintoch. Era quase como se fossem uma sociedade secreta, pois ninguém nunca tinha visto um ao vivo, quando muito apenas ouvido falar de alguém que tinha uma dessas máquinas em casa, que tinha trazido dos EUA ou gasto uma fortuna comprando aqui. Dizia-se que menosprezavam os PCs com seus DOS e Windows, que quem usava uma máquina da Apple nunca mais iria querer outra, que os computadores deles eram muitos melhores, mais fáceis de usar, mais simples...

Eu nunca achei DOS/Windows complicados demais para o que eu exigia deles, até pensava que toda essa mística em torno daquelas máquinas tinha muito de exagero, mas mesmo assim fiquei estupefato diante daquele computador. Era como estar diante de uma Ferrari. Um objeto desejado, cultuado, inalcansável aí na minha frente. Meus anfitriões devem ter percebido o meu nada discreto olhar de admiração. Lembro-me de que tentei perguntar qual era o sistema operacional usado, mas o cara não entendeu e apenas me mostrou um programa qualquer (naquela época se dizia "programa" e não "aplicativo"). 

Foi uma experiência breve mas marcante. Apesar de ver apenas uma interface gráfica diferente daquelas às quais eu estava acostumado, sabia estar diante de algo extraordinário.

O tempo passou e a Appel se reinventou. Sob a batuta do agora finado Steve Jobs lançou um monte iProdutos que deixaram a marca acessível ao público mas sem perder a magia que a envolve e que a tornou uma referência na área. Não sou um applemaníaco, tenho apenas um iPad e gosto muito mais do conceito tablet (que considero a maior invenção tecnológica dos últimos tempos) do que do iPad em si, mas não vou citar minhas restrições à marca neste momento por respeito a Steve Jobs. Afinal este texto é, a sua maneira, uma homenagem a este gênio.

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