sábado, 23 de fevereiro de 2013

O endereço do Papa

Dizem que o tempo nos deixa mais sábios. Talvez haja um pouco de exagero nesse pensamento, mas se o passar dos anos não foi tão generoso comigo, ao menos fez-me perceber que eu não era tão inteligente quanto imaginava ser.
 
Quando na época do conclave que escolheria o sucessor de João Paulo II, recordo-me que fui um dos que também pensava que chegara a hora de termos um papa não-europeu e mais voltados às questões sociais, alguém que conhecesse melhor a realidade do terceiro mundo.

Que ignorância a minha... o tempo pacientemente me ensinou que um dos maiores erros da história recente da Igreja foi dar mais importância a questões sociais e políticas em detrimentos às questões espirituais. Uma interpretação equivocada do Concílio Vaticano II, e que prosperou especialmente na América Latina, passou a ver Jesus como uma espécie de Che Guevara nazareno, um revolucionário em busca de justiça social.  O sagrado foi sendo deixado de lado e a Igreja passou a ser vista por muitos, inclusive por pessoas dentro dela mesma, como uma espécie de Ong voltada à caridade.

Mas apesar de administrar milhares de hospitais, escolas, creches, orfanatos, asilos, a função primordial da Igreja nunca foi fazer caridade, esta é apenas uma consequência da aplicação dos ensinamentos cristãos, uns dos bons frutos doutrinários, mas não o único.

Eu já pensei que soubesse a resposta, mas hoje não consigo encontar validade nos argumentos que usava para defender que um papa devesse ter nascido em algum lugar específico, seja em Roma, em Las Vegas, em Vladivostok ou aqui na Linha São Francisco (antigamente conhecida como Fumecke), ou que devesse ser branco, preto ou amarelo. E acho incrível como há tanta gente que parece ter todas essas e muitas outras respostas.

Talvez nem todos sejam bons alunos do tempo.


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