domingo, 17 de julho de 2011

O país dos coitados

Já disse que tenho por hábito elaborar roteiros de viagens, mesmo sem saber quando poderei executá-los e nem mesmo se conseguirei. Mas além de um passatempo trata-se de uma forma de estímulo, pensar no locais que pretendo conhecer me incentiva em meus estudos e no meu trabalho.

Meus roteiros costumam fugir um pouco do óbvio. Locais como Porto Seguro, Rio de Janeiro, Fortaleza, para citar alguns, não me atraem. Agora, quem se interessaria em conhecer Asunción?

Um dos roteiros que tinha em mente há muitos anos era ir até Corrientes, na Argentina, subir até a fronteira com o Paraguai, entrando no país por sua capital Asunción, descer até Encarnación e voltar ao Rio Grande por Posadas, e pude pô-lo em prática no começo deste ano. O engraçado é que as poucas pessoas para as quais eu contei da minha viagem me perguntavam se eu iria para lá fazer compras. Mas é compreensível, essa é uma associação que se faz automaticamente, Paraguai e compras estão unidos de modo umbilical. É claro que eu aproveitaria a oportunidade, mas comprar não era a minha prioridade, eu queria mesmo era conhecer o país, sua capital, sua gente, sua comida, e não apenas seus locais destinados ao "comércio exterior", que aliás eu já tinha visitado.

Após percorrermos as empobrecidas e monótonas paisagens das províncias de Misiones e Corrientes (o plural se refere a minha esposa e eu), costeando o rio Paraná por boa parte do trajeto, e nos incomodarmos com a maldita gendarmeria, chegamos à capital correntina. Trata-se de uma cidade bastante antiga, às margens do rio Paraná, com uma bela costaneira. Aliás, como os castelhanos aproveitam bem o entorno de seus rios criando locais agradáveis para passear, tomar mate, jantar. Em Corrientes o destaque fica para o Paseo Franciscano (foto), junto a um antigo convento da Ordem de São Francisco.



Não se precisa de mais do que um dia para aproveitar a cidade. Atravessando a enorme ponte sobre o rio Paraná entramos na província de Chaco, cuja capital Resistência está localizada a poucos quilômetros da divisa.

Eu sou uma pessoa simples, que costuma ver e valorizar o lado bom e belo das coisas. Mas os chaqueños que me desculpem, mas a sua capital é bem sem graça. Sorte nossa que escolhemos um hotel excelente, a um preço muito acessível. Aliás, pelo preço até vale a pena ficar lá uns quatro dias tomando Chandon à beira da piscina.



Mas a viagem continua: mais alguns quilômetros em direção ao norte, rumo a Asunción. O roteiro original contemplava uma rápida visita ao outro lado da fronteira, na cidade paraguaia de Humaitá, palco da famosa batalha na Guerra do Paraguai. Mas a grande dificuldade seria a travessia da fronteira. Seguimos em frente. Ainda em território argentino, cruzamos pela província de Formosa, uma das mais pobres do país, onde paramos para conhecer a capital homônima. Aliás, Formosa deve ser o nome de uma tribo indígena que habitava a região, ou de algum rio. É a única explicação para uma cidade tão feia ter um nome assim.

Mais alguns quilômetros e chegamos à cidade de Clorinda, na fronteira com o Paraguai. Após uma longa jornada, finalmente entramos em território guarani.



Continua... ou não...
(Texto escrito durante a vergonhosa apresentação da seleção brasileira de futebol, que acabou sendo eliminada pelos paraguaios na Copa América)

Um comentário:

  1. Parece que o turista brasileiro se especializou em compras. Como vc falou, é natural que se associe uma viagem ao Paraguai a uma mala cheia na volta, mas infelizmente esse parece o único atrativo para muitos que saem do país - seja para visitar os vizinhos Argentina, Paraguai e Uruguai ou, mais longe, os Estados Unidos.

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