sábado, 26 de julho de 2014

Uma Copa não precisa de legados.

Confesso que fui um daqueles que imaginou que as precariedades do nosso país trariam o caos durante a Copa: aeroportos congestionados, trânsito caótico, pessoas não conseguindo chegar aos estádios, enfim, uma imensa bagunça.

Pois quando o país foi anunciado como sede do evento, fomos assolados por uma enxurrada de promessas de melhorias em aeroportos, linhas de metrô, avenidas, viadutos, ou seja, todos os problemas da dita mobilidade urbana estariam resolvido. E sabíamos que isso não aconteceria, tanto que o tempo mostrou que estávamos todos certos, pois tirando um ou outra reforma, praticamente nada foi feito.

Mas o caos não veio e teve Copa. É verdade que foram tomadas algumas medidas para remediar os problemas estruturais dispensando muitos moradores locais da necessidade de se locomoverem em dias de jogos (feriados, ponto facultativo, antecipação de férias escolares), e como a quantidade dos demais turistas e de outros grandes eventos neste período caiu consideravelmente, houve até uma diminuição do número de voos. O torneio aconteceu sem maiores problemas, mesmo que quase nada tenha sido feito em relação à mobilidade.

Falava-se muito do tal "legado da Copa", as melhorias que seriam feitas para o evento e que ficariam à disposição dos brasileiros ao final dos jogos. Passados alguns dias, eu me dei por conta que, apesar das obras prometidas não terem saído do papel, a Copa do Mundo no Brasil deixou um grande legado, que será útil não apenas para nós brasileiros, que poderemos utilizá-lo nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, mas também será de imensa valia para todos os demais países que desejam sediar um evento desta magnitude: uma Copa não precisa deixar legado algum! Este é o grande legado que fica para o Brasil e o mundo. Uma competição desta grandeza não precisa de  BRT, VLT ou sei lá o quê, de linhas de metrô, corredores de ônibus, aeroportos em quantidade ou qualidade, viadutos e muito menos de trem bala. Talvez as cidades precisem, mas esta necessidade independe de torneio algum. Utilizar um grande evento como justificativa para a construção de melhorias que uma cidade tanto precisa é um grande atestado de incompetência por parte dos administradores públicos.

Uma Copa precisa de estádios e o resto é detalhe. Não precisa ficar restrita a países ricos ou que não se importam em jogar o dinheiro do povo fora. Apesar de suas precárias condições estruturais, a Argentina poderia sediar a competição no mês que vem. Outros países sulamericanos também poderiam sediar o torneio, como Chile, Colômbia e até o Peru, bastando-lhes apenas uma maquiagem nos estádios.

Acho até injusto que países como estes sejam privados de realizar tão bela festa.

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