segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Aventuras Gastronômicas em Salvador III - um acarajé bem quente.

 - Quente ou frio? - pergunta a baiana para o turista incauto da piada que imita a vida real, referindo-se ao uso ou não de pimenta no acarajé, ingrediente que aos paladares pouco íntimos pode comprometer completamente o consumo do lanche pelo seu potencial de "aquecer" a boca. É impossível ir à Bahia e não comer um acarajé e quando fui fiz questão de estar preparado para prová-lo completo, inclusive com a temida pimenta.


Com seu gosto forte característico (devido à presença de um composto chamado capsaicina), este condimento foi durante séculos utilizado para mascarar o sabor de alimentos, numa época em que os métodos de conservação destes eram bastante precários, quando não praticamente inexistentes, sendo assim incorporado aos hábitos alimentares de muitos povos, como na Índia e na região onde hoje é o México. Mas para quem não está habituado ao seu consumo, certas variedades de pimenta podem mostrar-se bastante agressivas ao paladar.

Sempre gostei de alimentos apimentados, então tratei apenas de consumir com mais frequência e em maior quantidade, numa espécie de treinamento para o que estava por vir. Não sei se me preparei em demasia, acontece que por fim fiquei um pouco frustrado pois não tive dificuldade alguma para comer um legítimo acarajé "quente" de Salvador. Talvez por uma questão de hospitalidade a variedade utilizada é mais amena e tolerável a paladares menos habituados, deixando as mais potentes ou para o consumo caseiro ou para os turistas levarem para casa, como umas pimentas fortíssimas que comprei no Mercado Modelo. Mas, sinceramente, esperava mais das baianas: imaginei um embate cruel entre a capsaicina e o turista, com um final imprevissível... 

Mas não houve embate algum. O turista triunfou, com facilidade.

...

Há muito acarajé ruim sendo vendido em Salvador. Provei um perto do Farol da Barra cuja falta de qualidade era proporcional à higiene bucal da baiana que o preparou. O que provei no Pelourinho também não me agradou. Se querem um bom, procurem pela barraca da Cira, na praia de Itapuã. 




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