quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Blocos de Carnaval da História de Cerro Largo.

Tenho uma incrível capacidade de guardar informações desnecessárias. Não sei o quão benéfico ou prejudicial é para mim este "dom",  pode ser que atrapalhe o armazenamento de dados realmente importantes ou, por que não, um sinal que o cérebro está trabalhando muito bem. Realmente eu não sei. Pode ser também que os meus critérios de importância não sejam os mesmos dos outros e fatos que para mim não têm grande relevância podem ser cruciais para alguns. Sendo assim, talvez fosse o caso de registrar parte deste meu "conhecimento" para evitar que se perca para sempre.

Começo com uma lista dos blocos que já participaram do carnaval na minha Cerro Largo. Se alguém não sabe, a tradição aqui é as pessoas se reunirem em grupos durante os dias da festa, os famosos blocos, não como aqueles do nordeste ou do Rio de Janeiro, mas sim adaptados aos costumes locais.

Um bloco precisa de seis coisas:
1- Integrantes, é óbvio: um grupo de pessoas em número razoável e com certa afinidade, seja por amizade, parentesco, trabalho ou até mesmo conveniência;
2- QG: o local onde o bloco se reúne durante o período de carnaval. Pode ser uma sala comercial alugada ou a casa de um dos integrantes;
3- Camiseta: é a identificação do bloco. Pode conter informações básicas como o nome, o símbolo (quando houver), a cidade, o ano, a idade do bloco e até dados dignos de estudos antropológicos, capazes de dissecar a personalidade dos integrantes ou a ideologia predominante nele. Alguns confeccionam fantasias mais elaboradas e até mesmo bandeiras;
4- Som: como é impossível dissociar festa de música, os blocos costumam contar com equipamentos de som potentes o suficiente para satisfazer seus integrantes e irritar os vizinhos. Em alguns casos, um carro bem equipado pode quebrar um galho;
5- Bebida: os blocos costumam disponibilizar uma quantidade farta de bebida para seus integrantes. Os excessos e suas consequências não são o objetivo deste relato;
6- Ônibus: como os blocos costumam participar de bailes em cidades diferente a cada noite, é necessário um meio de transporte.

Nas décadas de 60, havia vários bailes de carnaval aqui em Cerro Largo, sendo que em cada noite eles ocorriam em um dos clubes da cidade. Relatos que eu coletei afirmam que os primeiros blocos foram criados dentro dos clubes, havendo o bloco do Cruzeiro, do Caça e Pesca, do Cultural... Somente depois que eles se desvincularam das entidades.

Após esta breve porém necessária introdução, listo abaixo os blocos que fizeram parte do carnaval de Cerro Largo nos últimos 20 anos.

K'CETA: fundado em 1990, é o bloco de carnaval mais antigo em atividade em Cerro Largo. Seu nome, de acordo com o que os fundadores me contaram, é "a abreviação de duas coisas das quais os homens gostam muito" (nos seus primeiros anos, o bloco era formado apenas por homens). Por mais de 15 anos sua camiseta sempre foi branca. Além de ser o primeiro bloco da cidade a fazer camisetas também para a Oktoberfest-Missões, foi pioneiro na internet, sendo o primeiro a ter um site na internet, uma comunidade no Orkut e um grupo de discussão no Facebook. Seu símbolo é um "olho" inspirado na capa do primeiro álbum do Ultraje a Rigor.

100 Futuro: fundado um ou dois anos depois do K'CETA.  Ainda em atividade.

Tik Dur: criado um ou dois anos antes que o K'CETA, foi um bloco muito tradicional (também era exclusivamente masculino), mas começou a definhar até desaparecer depois de uns 15 anos de festa (ouvi um amigo dizer que "o Tik Dur broxou..."). Seu símbolo era inspirado no antigo logotipo da Adidas, aquele do trifólio, estilizado para lembrar uma genitália masculina com os testículos. Parece que tempos atrás houve uma tentativa de reerguê-lo (sildenafila?), mas até agora sem sucesso.

Independentes: seu primeiro carnaval foi em 1996. Apesar de ser um bloco com poucos integrantes, manteve-se forte por uns 6 ou 7 anos. No seu ano de despedida, trocou Cerro Largo por Florianópolis.

Whiskysitos: surgiu no começo deste século. Inovou com o uso de fantasias bastante elaboradas (no primeiro ano foram de Flintstones). Também investiam pesado na sonorização. Durou uns 5 anos.

Bandeloko: fundado por ex-integrantes do Whiskysitos. Até onde eu sei, ainda em atividade.

Elma Chops: surgiu no final da década passada. Ainda em atividade. Seu símbolo é baseado na marca de salgadinhos da PepsiCo.
 
Lombrera: um bloco de fãs do Rock n' Roll que não se conformavam em ter que escutar pagode, funk e outros estilos "menores" nos QG's. Seu símbolo era inspirado no palhaço da banda alemã Lacrimosa. Durou dois carnavais.

C Q Sab: durou uns 2 ou 3 anos, no final da década de 90.

Farra Mansa: não me recordo se este bloco chegou ao seu segundo carnaval. O QG era nos fundos de uma casa, na Daltro Filho. No começo deste século.

Bafo de Kisuco: formado basicamente por adultos, a maioria casais. Não sei se existe ainda, lembro-me dele em uns dois carnavais, uns anos atrás.

Ksarinas: bloco exclusivamente feminino, muito forte nos anos 90. Acho que desapareceu no começo do século.

Choppados: também de meados da década passada, seu primeiro QG foi no bairro Brasília. Durou uns 3 anos.

Metralhas: tenho quase certeza que existiu um bloco com esse nome, cujo QG era numa antiga casa ao lado da praça, onde agora funciona a Defensoria Pública.

Taz Loko: outro bloco de vida curta, apesar de chegar a reunir bastante gente. Não sei se chegou ao quarto ano, isso no final do século passado.

Tô rindo à toa: o único desta lista que vem do interior da cidade, mais precisamente da vila Tremônia. Participa de bailes fora do roteiro dos outros blocos da cidade e já tem uns 10 carnavais de vida. Seu QG é no clube da localidade.


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